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I SÉRIE — NÚMERO 85

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empresas de uma boa capacidade de gestão, de bom capital e de capacidade de regulação. Esses são os

fatores fundamentais que nos distinguem claramente do Bloco de Esquerda.

Se me permite, Sr.ª Deputada, deixe-me voltar a falar da TAP. Já que falou na TAP tão fortemente — e não

quer que falemos dela —, falemos, mais uma vez.

Como sabe, há um balanço a fazer sobre a questão da TAP e sobre a greve dos pilotos da TAP. E já que

falou na greve dos pilotos da TAP, também gostava de saber qual é a vossa posição sobre a discordância dos

restantes trabalhadores da TAP em relação a esta greve.

A pergunta é esta: de que forma é que a greve dos pilotos da TAP beneficiou o interesse público de

Portugal, defendeu o interesse nacional, defendeu o interesse das pessoas e dos trabalhadores da TAP,

beneficiou os passageiros?

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Mas ainda tem dúvidas?!

O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Isto é muito importante, porque é preciso que se perceba a posição do

Bloco de Esquerda em relação à TAP e que tipo de trabalhadores é que defende, se são os pilotos, se os

restantes trabalhadores. Diga claramente aqui, hoje, qual é a posição do Bloco de Esquerda nesta matéria.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Mortágua, para responder.

A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Afonso Oliveira, pela enésima vez, o

Bloco de Esquerda não apoia uma greve de pilotos que não é contra a privatização da TAP. Posso dizer outra

vez e mais devagar: o Bloco de Esquerda não apoia uma greve que não é contra a privatização da TAP.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Eles já sabiam!

A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Porquê? Porque, ao contrário dos Srs. Deputados da maioria, não

utilizamos a greve como um motivo para desviar as atenções daquilo que é essencial. E o que é essencial é o

facto de o Governo, apoiado pela maioria, querer privatizar à pressa, em final de mandato — dê-se o que se

der, seja a quem for que aparecer —, a melhor empresa exportadora portuguesa. Isto é o essencial da

discussão!

O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Não é, não!

A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Por mais que os Srs. Deputados tentem encontrar artifícios,

manipulações, malabarismos para desviar a atenção, o foco do debate é este.

Não podemos estar, hoje, a acusar as empresas e a arranjar todos os argumentos sobre as empresas

públicas e esquecer o passado. PS e PSD — e o PSD tem muita responsabilidade também — passaram

décadas a gerir mal empresas públicas, a «colocar dívida para debaixo do tapete» das empresas públicas e a

obrigá-las…

Protestos do PSD.

Não apontem o dedo, Srs. Deputados, que é feio!

Passaram décadas a mandar estas empresas públicas ir buscar dinheiro à banca. Hoje, as empresas

públicas estão endividadas, têm de pagar juros e agora usam essa desculpa para dizer: «Não, não, tem de ser

privatizado, porque não têm condições de sustentabilidade».

Srs. Deputados, arranjem desculpas novas, porque já em 2002 a desculpa era essa. No Diário de Notícias,

de 2002, dizia-se que a TAP tinha de ser privatizada porque estava à beira da falência. É uma empresa que

está à beira da falência há 10 anos! Entretanto, cresceu, multiplicou rotas, teve resultados operacionais

positivos, mas está à beira da falência há 10 anos!