I SÉRIE — NÚMERO 85
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A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Pergunto: o Bloco de Esquerda acompanha a posição do Partido
Socialista, que defende a anulação e a suspensão destes processos de subconcessão e de privatização?
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Mortágua.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado, não me leve a mal o preciosismo, mas
acho que, neste caso, o PS é que veio até meio termo acompanhar as posições do Bloco de Esquerda, porque
o Bloco de Esquerda sempre se opôs a qualquer concessão ou privatização de empresas públicas de
transportes. O PS não tem tido bem essa postura no passado e agora tem uma postura a meio caminho,
dizendo: «Bom, privatização não! Desta forma não, talvez no futuro sim!…». É típico e é mais ou menos
aquela posição «em cima da corda», «em cima do elástico» que o PS vai mantendo.
Mas quero dizer-lhe, Sr. Deputado, que acompanho todas as críticas que faz ao processo de privatização,
aos processos conturbados, confusos, pouco transparentes que estão a ser feitos por parte do Governo, à
última hora. Vemos isso nos transportes — STCP, Metro de Lisboa, Carris, mesmo nas linhas suburbanas da
CP, na EMEF e na CP Carga.
O problema é que o PS só é contra a privatização quando está na oposição…
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Esta calhou-vos muito mal!
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — … e isso não nos dá segurança nenhuma, como deve entender.
É contra o processo de privatização quando o PSD e o CDS são Governo, mas, quando o próprio PS
chega ao Governo, privatiza. Portanto, é um bocadinho uma privatização sim, mas assim não… É este o
processo.
O PS, hoje, pede a anulação das privatizações para quê? Para privatizar depois? Para ser à maneira do
PS?
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Essa é uma boa pergunta!
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — E a propósito da proposta que apresentam para a TAP, gostaria que o
Sr. Deputado me desse um exemplo, repito, um exemplo de uma empresa que tenha sido colocado em bolsa
uma parte do seu capital, ou que tenha sido privatizada uma parte do seu capital — a maior parte delas
começaram por ser privatizadas pelo PS —, e que depois não tenha acabado por ser vendida na totalidade!
Dê-me um exemplo de uma empresa que tenha começado a privatização com garantias de que só 10%
seriam capitalizados por fundos privados e passados cinco ou dez anos não seja 100% privada. Qual dessas
empresas é que não é 100% privada, hoje em dia?
Por isso, Sr. Deputado, por muito que concorde com algumas das críticas que fez, como é que podemos
confiar nas intenções do PS a este respeito?
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Pelo PCP, para formular perguntas, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Mariana Mortágua, o PCP tem esta
preocupação profunda, que também abordou na sua intervenção, sobre a privatização de empresas e setores
estratégicos que este Governo quer lançar nesta fase terminal do seu mandato. Este Governo já está com um
pé fora da porta para se ir embora, mas quer ir saindo e assinando papéis para entregar a economia do nosso
País aos grupos económicos.