I SÉRIE — NÚMERO 86
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Assim, asseguram a sua função social através da rentabilização económica de centenas de pequenos
produtores que precisam destas cooperativas para viver.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
O Sr. Nuno Serra (PSD): — Sem esta complementaridade entre o social e a economia, a permanência
destas instituições está comprometida. É esta a verdadeira essência da economia social e não há outra forma
de fomentar, meus senhores, a criação de novas cooperativas, de novos equipamentos deste tipo de
economia.
No caso português, verifica-se a necessidade de inovar e de adaptar as antigas regras cooperativas a
novas realidades e estruturas sociais como forma de encarar os fatores de produção, seja no controlo e
gestão, na distribuição do rendimento líquido, no resgate do capital social ou na política de preços.
Srs. Deputados, todos sabemos que o grande desafio da agricultura é a nobre função de alimentar uma
população mundial em forte crescimento. Para que isso aconteça temos de garantir que todas as formas de
comercialização e de escoamento alimentar sejam sustentáveis, subsistam e cheguem a todos aqueles que
precisam. Uma dessas formas é o setor cooperativo e, para isso, o setor cooperativo tem de ser forte e
dinâmico e tem de permitir que as pessoas lhe possam aceder. Tem de ser um setor que permita o
escoamento de produtos alimentares por parte de muitos dos pequenos produtores, porque só assim
poderemos chegar a uma determinada população que, sem isso, se vê impossibilitada de o fazer.
Essa será a razão imperativa para que todos os partidos se libertem de algumas amarras do passado e
olhem para esta inovação, esta mudança, como uma chave essencial para manter o cooperativismo agrícola
vivo…
O Sr. Adão Silva (PSD): — Não é uma gazua, é uma chave!
O Sr. Nuno Serra (PSD): — … e em forma, porque é ele preciso para os pequenos produtores e para
muitos portugueses.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana
Aiveca.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr. Presidente, Sr.as
Deputadas e Srs. Deputados: Gostaria de fazer duas
primeiras notas que têm a ver com a Lei de Bases da Economia Social, discutida neste Parlamento e
aprovada, como já se disse, por unanimidade, que tem, de facto, uma importância grande também para o
Bloco de Esquerda.
O que não confundimos nunca é o papel da economia social como substitutivo do papel do Estado.
Entendemos que a economia social tem o seu papel, mas, em nenhuma circunstância, como o Governo tem
vindo muitas vezes a fazer, pode substituir o papel do Estado, sobretudo nas áreas da ação social. Não
perfilhamos a ideia de que este é o paradigma. Para nós, este não é o novo paradigma, a economia social
pode ser complementar mas nunca deve substituir o Estado.
Hoje, estamos a discutir o novo código cooperativo e muitos Srs. Deputados já levantaram questões sobre
algumas situações que este código prevê e que desvirtuam, na nossa perspetiva, a génese do que é e do que
deve ser o cooperativismo.
Conhecemos a história da organização cooperativa na Europa, no mundo e em Portugal, e essa história
teve muito a ver com o facto de as cooperativas serem associações igualitárias, de produção em comum, aos
mais diversos níveis, de serem associações de libertação do regime de exploração capitalista. E é aqui que
entra «cada pessoa, um voto», «todos iguais», é a associação igualitária, é a associação que liberta de um
regime que oprime.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!