6 DE JUNHO DE 2015
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A Sr.ª Presidente: — Dou agora a palavra ao PSD.
Para formular perguntas, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Montenegro.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, soube-se ontem que a Grécia
solicitou ao Fundo Monetário Internacional o adiamento do pagamento de uma tranche de 300 milhões de
euros, cujo prazo de pagamento acabava precisamente hoje.
A situação da Grécia, creio, preocupa-nos a todos. Numa altura em que as economias europeias estão a
reanimar, numa altura em que o desemprego está também a diminuir — e isso acontece na Europa e também
em Portugal —, esta indefinição da situação da Grécia é preocupante, como disse, e julgo que merece
também uma reflexão neste debate.
A primeira observação que devemos fazer é, desde logo, perguntar onde estaria Portugal, onde estaríamos
nós, se tivéssemos seguido a estratégia da Grécia. Teríamos a economia a crescer? Teríamos o desemprego
a baixar? Estaríamos num processo de recuperação do rendimento das pessoas e das famílias? Teríamos as
taxas de juro tão baixas, algumas mesmo negativas?
É caso para dizer, Sr. Primeiro, que grande diferença! Num dia em que, infelizmente, a Grécia assume não
ter dinheiro para pagar ao Fundo Monetário Internacional, em Portugal, felizmente, estamos a pagar
antecipadamente e estamos a fazê-lo para poupar em juros.
O que dizem sobre isto os partidos da oposição, os tais que deliraram com a vitória histórica do Syriza?
Vamos, enfim, a título exemplificativo, atender ao que disse, por exemplo, o Secretário-Geral do Partido
Socialista, António Costa.
No dia 25 de janeiro, dizia o Dr. António Costa: «Este é mais um sinal da mudança da orientação política
que está em curso na Europa, o esgotamento das políticas de austeridade e a necessidade de termos outra
política».
Risos do PSD.
E dizia mais: «É importante que outros países europeus deem força aos resultados registados na Grécia,
que dão força a essa mudança. É preciso contrariar a vontade do Governo português, que não quer a
mudança». Isto foi no dia 25 de janeiro.
Mais recentemente, depois de outras intervenções, no dia 23 de maio, dizia, ao mesmo propósito da
mudança na Europa, o Dr. António Costa: «Esse é um combate que temos de travar, não de forma tonta,
como o Syriza, mas de uma forma inteligente e construtiva».
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Sr. Primeiro-Ministro, a via da mudança do Dr. António Costa e de todos aqueles que seguiam esta linha de
pensamento falhou. A mudança «syrizista» do Dr. António Costa não produziu resultados e ele até agora, por
via das dúvidas, já diz que não tem nada a ver com isso. É mais ou menos como as promessas do Partido
Socialista: são todas muito boas, são todas brilhantes, são todas viáveis, mas, face às reações que provocam,
estão em variação constante, se não mesmo diária.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Esta postura errática, oportunista e imediatista, a postura do soundbite do dia, do seguidismo mediático, Sr.
Primeiro-Ministro, não é verdadeiramente uma mudança.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Nem nova!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — É acrobacia política, com cambalhota em cima de cambalhota. É
instabilidade e impreparação.
Mas, Sr. Primeiro-Ministro, há mudanças que, de facto, valem a pena, mudanças pensadas, mudanças
estruturadas, mudanças estruturais. Mudanças como aquelas que nós vimos realizando em Portugal desde