I SÉRIE — NÚMERO 100
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Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Também para um pedido de esclarecimento, tem a palavra a Sr.ª
Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, Sr. Deputado Pedro
Roque, julgo que devemos mesmo começar por falar de soluções ideologicamente marcadas.
O Sr. Deputado Pedro Roque vai desculpar-me, mas teremos de falar também com o PSD sobre a matéria,
porque, como temos dito muitas vezes na Assembleia da República, esta maioria PSD/CDS-PP tem um
objetivo muito claro, profundamente demonstrado pelas diversíssimas propostas que tem apresentado, que é a
construção de um Estado muito mínimo para os cidadãos e de um Estado grande para os grandes grupos
económicos e financeiros. Isto é ideológico também, Sr. Deputado. Então, vamos falar de todas as
componentes ideológicas.
É verdade que este Governo tem feito muito para quebrar e fragilizar as funções sociais do Estado: está
sempre a ver como é que, na área da saúde, consegue engrossar as unidades de saúde privadas; está
sempre a ver como é que, na área da educação, consegue engrossar as escolas privadas; e, na área da
segurança social, também está sempre a ver como engrossar as seguradoras. Sr. Deputado, estas são
questões ideológicas que marcam soluções.
É por isso, Sr. Deputado, que estou profundamente crente que o PSD e o CDS-PP não estão disponíveis
para construir soluções em torno da sustentabilidade da segurança social. Estou crente que estão disponíveis
para construir problemas para que nunca se consiga encontrar uma solução viável no meio do mar de
problemas que os senhores criam. E é por isso, Sr. Deputado, que vêm com soluções como o plafonamento
da segurança social, que sabemos que foi feito num tempo do Partido Socialista, mas com o apoio dos
senhores.
É também verdade que os senhores, ontem, defendiam a redução da TSU. Hoje, o Sr. Deputado vem dizer
que não, mas amanhã voltam a defendê-la outra vez.
Sr. Deputado, há, depois, outras pseudossoluções — ou reais problemas —, que os senhores vão criando
com as vossas políticas, que se prendem com a opção da política dos baixos salários, com políticas que
fomentam a emigração e que conduziram aos níveis de desemprego que todos conhecemos e que estão
estruturalmente marcados nos dois dígitos. Destacamos também a questão da natalidade, que se prende tanto
com as condições económicas das famílias, como tivemos oportunidade de discutir aqui num debate
específico sobre a matéria. São opções políticas que conduzem a estes resultados políticos que vêm
descapitalizar a segurança social e que vêm quebrar a potencialidade de um capital humano que o País tem
justamente para fragilizar a segurança social.
Como é que nesse mar de opções os senhores querem construir soluções para a segurança social, se
estão a criar problemas estruturais?
Depois, não encontram outra solução! É normal que, a partir destes problemas, não encontrem outra
solução que não aquela que todos já estamos habituados a ouvir por parte desta maioria. E qual é? É sempre
a mesma coisa: cortes nas pensões! E dizem: ai a sustentabilidade da segurança social, isto assim não vai
lá…! E fazem cortes nas pensões! 600 milhões de euros? É isso que aí vem, Sr. Deputado?
O Sr. Deputado é capaz de dizer nesta Câmara aquilo com que o Sr. Primeiro-Ministro foi confrontado no
debate quinzenal e não foi capaz de dizer? É para cortar a esta dimensão? Não é para cortar a esta
dimensão? Mas seja verdadeiro, Sr. Deputado! Pese embora estejamos já à beira de uma campanha eleitoral,
seja verdadeiro e fale verdade aos portugueses. Os senhores não conseguirão construir soluções!
O Sr. Adão Silva (PSD): — Reerguemos o País, o que é muito mais difícil!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — A única coisa que os senhores fazem em torno das funções
sociais do Estado, é criar problemas para que as soluções não sejam viáveis.