I SÉRIE — NÚMERO 100
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O Sr. João Oliveira (PCP): — Não se preocupe, Sr. Presidente, que eu aos apartes também sou capaz de
responder.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Repito a pergunta: de que nos serviria um boom de natalidade se os
trabalhadores continuam desempregados? De que nos serviria um aumento explosivo da natalidade se os
jovens continuam empurrados para a precariedade, para os baixos salários e para a emigração?
O problema da segurança social não é demográfico, mas económico. O problema da segurança social é a
falta de uma política económica que crie emprego, combata a precariedade e aumente os salários dos
trabalhadores.
Aplausos do PCP.
Os Srs. Deputados do PSD e do CDS sabem que não é um problema demográfico, é um problema
económico e laboral. Os Srs. Deputados do PSD e do CDS sabem que os problemas estruturais da segurança
social, tais como os da demografia, são responsabilidade, e são consequência, da vossa política económica e
laboral, que é a política de direita. É essa política, que destrói emprego, destrói salários, destrói direitos e
obriga à emigração, que está na origem de todos estes problemas.
Relativamente ao PS, percebemos que este partido, particularmente o Sr. Deputado Vieira da Silva, prefira
atacar o PCP,…
O Sr. Vieira da Silva (PS): — Eu?!
O Sr. João Oliveira (PCP): — … em vez de atacar os problemas da segurança social para iludir os
compromissos que o Partido Socialista tem com a política de direita. Mas, Sr. Deputado Vieira da Silva, isso
não pode descansar os trabalhadores, nem os reformados.
Os compromissos do PS ficam claros neste debate. Aquilo que o Sr. Deputado Vieira da Silva afirmou na
intervenção e que, de resto, está expresso no programa eleitoral do PS é claro relativamente aos
compromissos do PS sobre a segurança social: descapitalização da segurança social com a redução da taxa
social única; permitir às empresas o recurso ao trabalho temporário, desde que paguem para isso. Portanto, a
precariedade deixa de ser um problema na sociedade portuguesa que deve ser combatido e passa a ser um
recurso que as empresas terão ao seu alcance mediante a compensação ou não do pagamento que fazem à
segurança social e a utilização da segurança social serve para tudo menos para aquilo que ela deve servir, ou
seja, para proteger os trabalhadores, para garantir as condições de vida aos reformados. O exemplo da
regeneração urbana é, de resto, único.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Mais: o PS propõe mais cortes de pensões. Quando o Sr. Deputado Vieira
da Silva diz que não pode haver cortes, e cito, «nas pensões atribuídas a título definitivo», o que está a dizer
aos portugueses é que aqueles que se vão reformar não podem ficar descansados com o PS,…
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Isso é verdade!
O Sr. João Oliveira (PCP): — … porque a esses o PS não garante que não venha a haver cortes nas
pensões que eles têm a expetativa de receber.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — É verdade!