I SÉRIE — NÚMERO 101
14
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — não há garantias de que estes cerca de meio milhão de portugueses,
muitos deles formados aqui, com os custos inerentes, e que os outros países recebem a custo zero, podem
regressar à sua pátria.
Diga, Sr. Primeiro-Ministro, se é ou não verdade que estes emigrantes resultam fundamentalmente do facto
de não encontrarem no seu País a forma de organizar a sua vida.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, o acesso à saúde, bem
como, de um modo geral, o poder de aquisição que os portugueses tiveram durante os tempos de crise foi
afetado pela crise. Isso parece-me evidente. Não é preciso citar estudos de um observatório de um ex-Diretor-
Geral do Partido Socialista para chegar a essa conclusão, Sr. Deputado.
O Sr. João Oliveira (PCP): — O quê?!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sabemos que a crise existiu em Portugal e, para muitas famílias, essa
situação ainda é dramática, hoje.
Uma família que tenha pessoas que estão desempregadas e que, entretanto, deixou de ter a cobertura do
seguro de desemprego, evidentemente que vive uma situação difícil. E é algo que ainda abrange muitas
famílias em Portugal, Sr. Deputado.
O Governo não oculta nada, nem faz propaganda com uma coisa e com a outra. O Governo tem a
obrigação de ver a situação que existe no País e essa ainda é, para muitas famílias, uma situação difícil. Claro
que a crise se refletiu nas perspetivas de vida dos portugueses, mas não nos termos em que, muitas vezes, a
oposição tem chamado a atenção.
Por exemplo, Sr. Deputado, relativamente a medicamentos, sabemos que foram vendidos, dispensados,
mais medicamentos nos últimos anos do que nos anos anteriores. Com a crise, mais medicamentos, Sr.
Deputado!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Gastando menos!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Foram, portanto, medicamentos que, quando genéricos, tinham um preço mais
acessível — os preços caíram quase 50% na área dos genéricos —, sendo que se registaram também, de um
modo geral, preços mais favoráveis nos medicamentos. Estimamos que, em média, os preços tenham caído
cerca de 27%.
O Sr. João Oliveira (PCP): — E o poder de compra das pessoas?
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Deputado, não tivemos inflação nestes anos, as pessoas de rendimentos
mais baixos não foram afetadas por cortes nenhuns.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Essa é boa!
Risos do BE.
O Sr. Primeiro-Ministro: — As pessoas de rendimentos mais baixos não foram afetadas por cortes. É
verdade!
Protestos do PS, do PCP e do BE.
O quê? Os Srs. Deputados também acham que é um mito urbano?