I SÉRIE — NÚMERO 101
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Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para replicar, tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, queria começar por uma nota
colateral.
Acho que não é de bom-tom vir falar de um relatório feito por um professor da Universidade de Évora e
procurar dizer que é do Partido Socialista. Quer isso significar que bons, bons relatórios são sempre aqueles
que vêm da sua área partidária. É um mau princípio, Sr. Primeiro-Ministro, é um mau princípio.
Protestos do PSD.
Mas, de qualquer forma, em relação à questão dos medicamentos, Sr. Primeiro-Ministro, obviamente que
com o aumento do custo de vida, com o aumento do IVA, com a perda de poder de compra das pessoas,
naturalmente que o acesso aos medicamentos se torna mais difícil.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Por que é que não mete nessas contas o aumento do custo de vida, o
aumento dos impostos, designadamente do IVA, desse imposto cego?
O Sr. Primeiro-Ministro: — Qual IVA?!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Qual IVA? Ó Sr. Primeiro-Ministro, o IVA que aumentou os preços da
alimentação, designadamente, e as pessoas, depois, têm de fazer opções, naturalmente! Ou comem ou
compram os medicamentos. Não sabemos que é assim, que existem milhares de famílias que têm de fazer
estas contas, particularmente famílias mais idosas, porque não têm dinheiro ou para comer ou para comprar
medicamentos?!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Ainda em relação à emigração, dou-lhe só este exemplo, Sr. Primeiro-
Ministro. Claro que havia emigração antes, mas nestes quatro anos o número de emigrantes é equivalente a
que o distrito de Coimbra ficasse totalmente vazio de pessoas, tendo em conta esses níveis de emigração.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Mas, Sr. Primeiro-Ministro, rapidamente, queria ainda colocar-lhe a
questão da TAP.
As suas respostas não convenceram. Já se percebeu a pressa do Governo em vender o País à peça,
porque está derrotado mas quer mostrar serviço antes de sair de cena.
Mas, ao contrário do que o Sr. Primeiro-Ministro disse aqui e que diz o Ministro da Economia, não há um
clima de suspeição ou de insinuação, há é a necessidade de o Governo trazer informação a esta Assembleia
da República, informar o País, informar, por obrigação legal, as organizações dos trabalhadores da TAP, em
relação a esse processo. Dê esse esclarecimento e vai ver que acaba a suspeição e a insinuação.
Aguardamos que o faça, designadamente junto da Assembleia da República.
Mas como é que continuam a querer levar para a frente um processo de privatização com estes contornos
que são conhecidos, em prejuízo do País e do interesse nacional? Como é que podem continuar a defender
aquilo que já toda a gente percebeu que não serve os interesses do País? Serve apenas os interesses do
consórcio luso-americano que foi constituído a propósito, apenas para contornar as regras da União Europeia.
Sr. Primeiro-Ministro, repetimos o que já aqui dissemos: para o PCP, não há um preço bom para vender a
TAP, nem uma percentagem de venda que seja boa ou aceitável para o País. E é inadmissível ouvir um