25 DE JUNHO DE 2015
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de segurança interna, Sr.ª Ministra, logo não pode ter natureza militar e tem de se caminhar para a natureza
civil desta força.
Esta visão militarizada da GNR apenas serve para agravar a exploração, impor horários desregulados e
impor um estatuto disciplinar que é, claramente, do século passado.
Por fim, coloco duas questões: há intenção, por parte do Governo, de utilizar militares na reserva na
vigilância de escolas. Como justifica esta opção, Sr.ª Ministra? Há confusão completa de conceitos. Não sabe
a Sr.ª Ministra que os artigos 272.º e 273.º da Constituição não permitem a utilização de militares para missões
de segurança interna? Como justifica esta opção, que é claramente inconstitucional?
Sr. Presidente, para terminar, quanto à proteção civil, não ficámos sossegados com a explicação dada
relativamente aos Kamov. Sr.ª Ministra, importa que haja garantias concretas no sentido de que estes meios
pesados de combate a incêndios estejam efetivamente operacionais no pico do verão e as declarações que
aqui foram produzidas pela Sr.ª Ministra não nos dão essa garantia, pelo que manifestamos a nossa
preocupação quanto a essa matéria.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno
Magalhães.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados:
Analisamos hoje, como já foi aqui dito, o último Relatório Anual de Segurança Interna desta Legislatura.
Quatro anos volvidos, quatro relatórios volvidos, importa, se calhar, fazer um pouco, também, o balanço do
que aconteceu nesta Legislatura e nesses quatro anos e, sobretudo, recuar àquilo que era dito,
nomeadamente pela oposição, mesmo aquela que agora parece continuar insatisfeita apesar destes
resultados, prevendo a maior das catástrofes.
O que é que dizia, então, a oposição? Dizia que Portugal ia estar sujeito, como esteve, a um programa
duríssimo de assistência económica e financeira, que o Governo ia ser obrigado — como foi — a tomar um
conjunto de medidas que evidentemente tinham um impacto duríssimo na vida de muitos portugueses, logo a
criminalidade ia aumentar.
Ou seja, havia aqui uma tese de certa oposição de que em cada pessoa que dramaticamente caía numa
situação desesperada de desemprego havia um potencial criminoso. Era essa a tese de certa oposição, quase
que desejando que houvesse esse aumento da criminalidade. Erraram em toda a linha; há uma redução
consistente, sustentada, reiterada, histórica, até, dessa mesma criminalidade.
Havia, então, uma segunda tese que dizia que, mesmo que assim não fosse, a criminalidade ia aumentar
certamente, porque com as medidas, também elas difíceis, também elas constantes do Memorando de
Entendimento, que iam afetar todos os funcionários públicos e, desde logo, as forças e serviços de segurança
ia haver uma enorme desmotivação dos homens e das mulheres das forças e serviços de segurança, com isso
um baixar de braços, quiçá mesmo uma greve de zelo, portanto haveria menos prevenção à criminalidade,
menos combate à criminalidade, logo a criminalidade ia disparar. Isto era o que dizia certa oposição da
esquerda mais à esquerda.
Mais uma vez enganaram-se. O que é facto é que os homens e as mulheres das forças e serviços de
segurança são pessoas zelosas, com brio, gostam da missão que cumprem, estiveram à altura do momento, à
altura das responsabilidades nas dificuldades e por causa deles e, em primeiro lugar, por causa desses
homens e dessas mulheres estes números foram possíveis. É a eles que se deve uma palavra de homenagem
pois souberam estar à altura das circunstâncias.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Mas havia uma terceira tese que era a de, como o investimento, por força mais uma vez do Memorando de
Entendimento, iria ser reduzido no Ministério da Administração Interna, essa redução iria afetar a capacidade
operacional das forças e serviços de segurança. Mais uma vez, a oposição errou, não só, obviamente, no