25 DE JUNHO DE 2015
31
criminólogos que se candidatam, que são preteridos e que pretendem agir —, a profissão de criminólogo deve
ser considerada relevante e, para os devidos efeitos, devidamente inserida no nível suplementar, nível
Profissão, da Classificação Portuguesa das Profissões.
Termino, Sr. Presidente, dizendo que, não nos opondo às restantes recomendações e pretensões,
acreditamos que por esta via todos os restantes constrangimentos serão resolvidos em nome da justiça.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para apresentar o projeto de resolução do Bloco de Esquerda, tem
a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, queria começar por saudar a
Associação Portuguesa de Criminologia.
Há ditados populares que têm um cariz positivo e, creio, o que se adequa aqui é o de que quem luta
sempre alcança e o dia de hoje é um passo para vencer os entraves burocráticos para impedir — não há outra
explicação — que quem tem uma formação adequada possa ver reconhecida a sua profissão.
Vamos por passos nesta matéria.
Em primeiro lugar, isto poderia e deveria ter sido feito há mais tempo. Ainda há meses falávamos e pairava
toda a insegurança do lado dos peticionários porque não tinham resposta da Assembleia da República, porque
a Assembleia da República não tinha resposta do Governo sobre questões simples como a de saber por que é
que esta profissão não era regulamentada. De facto, já estavam prisioneiros da burocracia do Estado e
tornaram-se prisioneiros da burocracia da Assembleia da República, pelo que, creio, o dia de hoje é o dia da
libertação nesse aspeto, e ainda bem que ele chegou.
Em segundo lugar, como é que é compreensível que o Estado, que desde 2006/2007 reconhece a
formação em Criminologia — aliás, a primeira instituição de ensino superior a ter uma formação nesta área foi
a Faculdade de Direito da Universidade do Porto, em 2006/2007 —, tenha chegado a 2015 sem reconhecer a
profissão? E é o próprio Estado, o Governo, já agora — a Sr.ª Ministra da Justiça, que esteve presente há
momento, ou a Sr.ª Ministra da Administração Interna, consoante o concurso público em causa —, que poderia
ter tido ações concretas para acabar com estas restrições, mas não o fez ao longo de mais de quatro anos de
mandato. E isto é inaceitável!
Quem foi formado, tendo o Estado reconhecido a sua formação e as instituições superiores que lhe deram
essa formação, não pode, depois, ser impedido de entrar na vida ativa por questões burocráticas, mesmo que
elas advenham de excesso de zelo das instituições públicas. Isto não é aceitável.
Por isso, o que propomos, creio que na esteira de todos os projetos de resolução em debate, é que se
acabe com estas restrições. É essencial que assim seja, porque são mais de 1100 profissionais que estão em
causa e em suspenso, à espera, para poderem aceder à sua vida ativa, na plenitude. São profissionais de
cujas competências nós precisamos, porque são dos mais bem formados no nosso País — as médias de
acesso a estes cursos, já agora, quase a par de Medicina, assim o indicam — e, por isso, não podemos
desperdiçar quer os seus conhecimentos, quer as suas competências técnicas. Devemos, então, dar os
passos necessários para resolver, de uma vez por todas, estes problemas.
Obviamente, isto passa pela inclusão da profissão de criminólogo na lista da Classificação Nacional das
Profissões, passa por enquadrá-la na base de dados das profissões regulamentadas no IEFP (Instituto do
Emprego e Formação Profissional) e passa, obviamente, por, nos futuros concursos públicos, todos, deixar de
haver as restrições que até agora têm existido.
Esta é a nossa motivação, vamos acompanhar os projetos de resolução do PSD e do CDS-PP, que visam
também a mesma matéria, e esperamos que, de facto, da teoria que hoje estamos aqui a discutir à prática
sejam poucos os dias para que os criminólogos possam ter a justiça por que tanto anseiam nas suas vidas.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Elza Pais.