I SÉRIE — NÚMERO 102
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Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Jacinto Serrão (PS): — Ora, Sr. Deputado, os problemas estão identificados e o que nós precisamos
é de medidas concretas para a solução do problema.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Francisco
Gomes.
O Sr. Francisco Gomes (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: A petição que hoje
consideramos está assente em três fundamentos diferentes.
Existe um fundamento jurídico-constitucional claro, que emana do estatuto político-administrativo da Região
Autónoma da Madeira e da Constituição da República Portuguesa, nomeadamente, o princípio da
solidariedade e o princípio da continuidade territorial, que preveem a intervenção do Estado no sentido de
reduzir as assimetrias geradas pela condição de ultraperiferia.
Existe um segundo fundamento, um fundamento social, que tem a ver com a criação de uma alternativa
viável ao transporte aéreo de cargas e de pessoas para os portugueses residentes na Região Autónoma da
Madeira.
Existe um terceiro fundamento, um fundamento económico, que tem a ver com reduzir os sobrecustos
gerados para a economia da Madeira pelo afastamento do mercado da Madeira relativamente ao mercado do
continente e de todos os outros mercados situados fora da ilha.
Ora bem, todos estes três fundamentos estão referidos no texto da petição e cada um deles, só por si,
justifica a nossa sensibilidade e a nossa aceitação desta petição. Mas existe uma quarta razão, um quarto
fundamento, que apoia esta petição e as medidas que estamos aqui a debater, que é um fundamento nacional
e que tem a ver com o nosso caráter como Nação atlântica.
Temos orgulho no País que somos, temos orgulho nas diferentes regiões que constituem o nosso País e na
riqueza social, humana e cultural que trazem a Portugal.
Temos até orgulho na vastidão geográfica que as nossas regiões conferem ao País e na pujança
geoestratégica que, particularmente, as autonomias nos conferem no espaço do Atlântico. Mas também
sabemos que quanto mais nos apegamos à noção de Portugal atlântico mais acerrimamente temos de
defender a ideia de que nenhum português pode ser refém da região onde nasce e nenhum português merece
ter a pairar sobre a sua cabeça o estatuto de cidadão de segunda ou de terceira categoria por causa da forma
como o sistema de transportes está organizado no seu País.
Sr.as
e Srs. Deputados, é isto que está aqui em causa, a criação de um Portugal mais coeso, mais unido e,
por isso, mais forte, e sabemos que a luta por estes valores, num cenário pós-crise, não é uma luta fácil, mas
esta Assembleia da República não pode demitir-se dessa luta, esta Assembleia da República não se demite
desse debate, não se demite dessa discussão.
Por isso, Srs. Deputados, o caminho está traçado, as opções estão feitas e é à vossa sensibilidade para
esta petição, para estas medidas, que faço o apelo para que a consideremos, que a aceitemos e demos um
passo em frente no sentido de estarmos à altura de um Portugal mais coeso.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Não há mais inscrições relativamente a este ponto.
Vamos passar ao ponto seguinte e último da nossa ordem de trabalhos, a apreciação da petição n.º 452/XII
(4.ª) — Apresentada pelo SINTAP (Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e Entidades com
Fins Públicos), solicitando à Assembleia da República que tome medidas urgentes contra a aplicação do
regime de requalificação da segurança social.
Tem a palavra o Sr. Deputado António Cardoso.