I SÉRIE — NÚMERO 103
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Sabemos também que canis intermunicipais, pelo volume de animais envolvidos, são mais atreitos ao
abate e, por isso, a simplificação dos canis, no sentido de termos canis municipais de dois municípios no
máximo, ajudará, necessariamente, a que a pressão para o abate deixe de existir.
Sabemos que todos estes passos são necessários e demos o nosso contributo para o debate. Houve um
pedido das bancadas da maioria PSD e CDS-PP para que o projeto de lei do Bloco de Esquerda pudesse
baixar à comissão sem votação, para que, no debate de especialidade, pudéssemos limar algumas arestas e,
com isso, ver aprovadas algumas destas propostas. Temos abertura para isso. Aliás, já demos entrada na
Mesa da Assembleia da República de um requerimento nesse sentido e, em comissão, esperamos dar esse
passo em frente, ainda antes do final da sessão legislativa, para que os canis não rimem com abate e com
atropelo dos direitos dos animais, porque se trata de um passo absolutamente necessário na nossa sociedade.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Cristóvão
Norte.
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Queria, em primeiro lugar, dizer
que esta Legislatura foi afortunada no que se refere ao reforço da proteção dos animais, designadamente em
face da aprovação e entrada em vigor da lei que criminaliza os maus tratos e o abandono, lei esta que veio
abrir uma nova página, descerrar um novo capítulo, na medida em que é mais moderna, ética e juridicamente
mais civilizada, mais justa e mais avançada, que radica, sobretudo, no valor intrínseco do animal e não se
reconduz, como anteriormente, à circunstância de preferirmos uma visão obsoleta, alicerçada somente na
funcionalização do animal em relação ao seu proprietário e no seu valor de afeição, o que era, objetivamente,
um elemento que largas franjas da sociedade portuguesa repudiavam e que, como se veio a reconhecer pelo
conjunto vastíssimo de petições que deram entrada na Assembleia da República, obrigou a um impulso
legiferante que, felizmente, foi assumido por esta Câmara e se traduziu nessa nova legislação que concretizou
um relevantíssimo passo em frente.
Ora, essa deliberação não nos dispensa de promover outros passos igualmente importantes. Pelo
contrário, essa legislação é também um corolário do esforço que agora se visa fazer. É um corolário,
designadamente, no que versa sobre a matéria da alteração do controlo populacional, em particular porque
temos um paradigma alicerçado no abate e aquilo que devemos ter, e que já foi aprovado em anteriores
resoluções na Assembleia da República, é um paradigma mais moderno, mais avançado, que não seja
alicerçado no abate, mas, sim, na esterilização e nos métodos CED (capturar-esterilizar-devolver). E isto não
apenas para aqueles a quem, como eu, repugna o abate e querem uma fórmula civilizacionalmente mais
avançada e uma proteção dos animais mais reforçada, mas também para os que não apontam nenhum
desvalor jurídico nem juízo moral negativo e que, no fundo, comportam apenas uma avaliação de natureza
económica e financeira.
Mesmo desse ponto de vista, a longo prazo, as opções que nos podem vir a trazer qualquer avanço nesta
matéria são benévolas não apenas para a salvaguarda dos animais, mas também para a salvaguarda do
interesse público, designadamente no que tem a ver com a saúde pública e com a contenção económica e
financeira que deve sempre presidir a circunstâncias desta natureza. Portanto, a opção pela esterilização
impõe-se a todos nós, pelo que devemos, necessariamente, fazer um esforço nesse sentido.
Devo dizer, todavia, em relação aos projetos que estão em debate, que sei que, obviamente, são
dominados pelo respeito pelos animais e também por uma vontade de procurar resolver o problema, ainda
que, por vezes, sejam tomados por soluções mais voluntariosas que prejudicam o realismo e soluções mais
concretas em relação a esta matéria. Com toda a franqueza, tenho dificuldade, e o Grupo Parlamentar do PSD
também, em concordar com algumas das soluções preconizadas pelo Grupo Parlamentar do PCP na proposta
que nos submete,…
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — Terminarei já, Sr. Presidente.