I SÉRIE — NÚMERO 105
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aqui repontuar, porque não temos o compromisso nem temos o complexo de sermos Syriza, temos o
complexo de ser Portugal.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Estão a destruir a Europa! Estão a destruir os valores europeus! Não
diga asneiras!
O Sr. António Rodrigues (PSD): — E Portugal esteve, em 2014, na primeira linha do que era discutir a
Europa. Foi Portugal que pôs na ordem do dia a união aduaneira; foi Portugal que pôs na ordem do dia a união
bancária; foi Portugal que pôs na ordem do dia a união energética e, por isso, não se consegue compreender
como é que alguns partidos não são capazes de reconhecer que é o novo paradigma da Europa, que é o novo
princípio de localização geoestratégica de Portugal que nos pode pôr na primeira linha do desenvolvimento
económico e do crescimento.
Mas 2014 fica também conhecido por uma outra realidade: houve uma nova Comissão, houve um novo
desenvolvimento, há um novo plano que todos, neste momento, partilhamos. O Plano Juncker pode trazer
crescimento, todos nós estamos à espera que possa trazer riqueza e tudo isso pode ser a primeira linha,
conjuntamente com o que já o CDS aqui também referiu, ou seja, os novos fundos estruturais, para ajudar
Portugal a desenvolver-se nos tempos futuros. Não é agora, não é em 2014, é até 2020, é isso que é
importante repontuar e é isso que é importante levar.
Estamos na Europa de alma e coração, não somos como alguns que são apenas e unicamente capazes de
criticar esta Europa e defender a Europa das vítimas, dos coitadinhos, daqueles que querem procurar a
Europa do dinheiro para receber, mas não para trabalhar num projeto conjunto.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Não há mais inscrições neste ponto da nossa ordem de trabalhos,
pelo que vamos passar ao ponto seguinte, com a apreciação da petição n.º 252/XII (2.ª) — Apresentada por
Maria Emília Guerreiro Neto de Sousa (Presidente da Câmara Municipal de Almada) e outros, solicitando à
Assembleia da República o abandono da intenção de construção de um mega terminal de contentores na vila
da Trafaria.
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Em nome do Grupo Parlamentar do
PCP, permitam-me saudar de uma forma especial os eleitos do poder local do concelho de Almada, todos os
eleitos do poder local, que estiveram desde a primeira hora na luta contra esta medida absolutamente
desastrosa que seria o tal mega terminal de contentores na Trafaria.
Saudamos a intervenção que tiveram os promotores desta petição, o município de Almada e as 11
freguesias que o concelho tinha, e não esquecemos a luta das freguesias em defesa desta causa, como não
esquecemos o papel da primeira subscritora da petição, então Presidente da Câmara Municipal de Almada,
nem esquecemos que na freguesia da Trafaria, que este Governo, entretanto, tirou ao povo, assim como nas
outras do concelho, os eleitos e a população deram as mãos e lutaram, lado a lado, contra esta medida
desastrosa.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Este foi um processo de participação cívica e popular a todos os títulos
notável.
A resposta e a mobilização das populações foi decisiva para o recuo tático que o Governo teve passado
algum tempo. Os então Ministros Álvaro Santos Pereira, Miguel Relvas e companhia apresentaram à imprensa
este autêntico desastre, com pompa e circunstância, numa sexta-feira, salvo erro. No dia seguinte, a sala da
Sociedade Recreativa Musical Trafariense foi pequena para acolher as pessoas que ali se deslocaram para
manifestar o seu repúdio contra este atentado à natureza, ao ordenamento do território, ao desenvolvimento
local, regional e nacional.