I SÉRIE — NÚMERO 105
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exemplos e testemunhos pessoais que nos apresentaram, aquando da audiência em Comissão, foram
também bem elucidativos da importância e da profundidade deste tema.
Concordamos que o serviço cardiovascular do Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa é referenciado como
sendo de excelência, situando-se no grupo dos hospitais que efetuam intervenções com maior complexidade e
menor taxa de mortalidade, apresentando, em base comparável, uma taxa de mortalidade média
significativamente inferior à europeia, de acordo os estudos internacionais de elevada importância.
Por outro lado, deve ter-se em conta que existem várias centenas de crianças que foram operadas e estão
a ser seguidas pelas equipas do Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa, situação esta que ficou bem expressa
pelos peticionários na audição efetuada em sede de Comissão no início deste mês.
Para o Partido Socialista o primado dos serviços públicos é inquestionável. Defendemos que os serviços
hospitalares do Serviço Nacional de Saúde devem ter condições para tratar todos os doentes, inclusive os
casos mais complexos, como os que versa esta petição.
Não desmerecemos o particular problema destas crianças que carecem de respostas especializadas e
também não subestimamos a preocupação de tantas famílias, que defendem, naturalmente, o melhor para os
seus filhos, mais ainda quando veem as suas vidas em perigo.
Da informação obtida através de consulta ao Governo resulta que o acordo existente com a Cruz Vermelha
Portuguesa não foi renovado, na sequência das recomendações que o Tribunal de Contas tem dirigido ao
Ministério da Saúde e à Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo no sentido da elaboração
de estudos de análise custo/benefício nas óticas macroeconómica, social e de coletividade e de evitar a
assunção de custos no âmbito do acordo de cooperação quando exista capacidade instalada no Serviço
Nacional de Saúde.
Deve também ser tido em consideração, segundo o relatório da petição, que foi implementado um
procedimento para garantir que os doentes já referenciados pelo SNS para a Cruz Vermelha Portuguesa não
tivessem de reingressar no processo de consulta junto do centro de saúde — esta é uma recomendação
importante que deve ser tida em conta.
A nossa posição é sempre de salvaguarda e defesa do SNS para todos, universal, geral e tendencialmente
gratuito.
Há também que atender às recomendações do Tribunal de Contas e salvaguardar o direito à boa saúde
para todos, incluindo, naturalmente, estes utentes, mais ainda tratando-se de crianças.
Assim, recomendamos ao Governo especial atenção nesta matéria, mais ainda, e em especial, a este
Governo, que não tem, no geral, colocado o utente em primeiro lugar na sua lista de prioridades.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Srs. Deputados, vamos passar ao próximo ponto da ordem de
trabalhos, que consiste na discussão conjunta da petição n.º 437/XII (4.ª) — Apresentada pelo Movimento de
Utentes dos Serviços Públicos (MUSP), manifestando-se contra a privatização do hospital público de
Cantanhede e pela manutenção no SNS, e dos projetos de resolução n.os
1271/XII (4.ª) — Manutenção da
gestão pública do hospital de Cantanhede no âmbito SNS e contratação efetiva de todos os profissionais que
respondem às necessidades permanentes do seu funcionamento (PCP), 1560/XII (4.ª) — Recomenda ao
Governo a manutenção da gestão pública do Hospital Arcebispo João Crisóstomo, em Cantanhede (BE) e
1566/XII (4.ª) — Por uma gestão pública e ao serviço das populações do Hospital Arcebispo João Crisóstomo,
em Cantanhede (Os Verdes).
Para apresentar o projeto de resolução do PCP, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O Grupo Parlamentar do Partido
Comunista Português gostaria de saudar os peticionários que subscreveram esta petição e a dinamizaram em
defesa da manutenção da gestão pública do hospital de Cantanhede no âmbito do Serviço Nacional de Saúde.
O hospital de Cantanhede responde a uma população de cerca de 60 000 utentes do concelho de
Cantanhede, parte do concelho de Mira e de uma freguesia do concelho de Montemor-o-Velho.