2 DE JULHO DE 2015
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(4.ª) — Apresentada por Andreia Sofia dos Santos Nunes (Grupo de Mães Luta Coração e Grandes Corações)
e outros, solicitando à Assembleia da República o retorno das operações cardíacas, com acordo nacional e
vitalício, ao Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa (HCVP).
Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria da Conceição Caldeira.
A Sr.ª Maria da Conceição Caldeira (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Antes de mais,
gostaria de saudar os quase 8000 cidadãos que subscreveram a petição n.º 440/XII e que se dirigiram à
Assembleia da República trazendo-nos uma questão de indiscutível relevância, como é a solicitação do
retorno das operações cardíacas ao Hospital da Cruz Vermelha.
Fundamentalmente, os peticionários pretendem a manutenção do acordo entre o Serviço Nacional de
Saúde (SNS) e o Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa no sentido de este último continuar a assegurar o
tratamento inicial e sequencial das crianças portadoras de cardiopatias congénitas e sequenciais.
Este tratamento sequencial é particularmente relevante na medida em que muitas crianças operadas no
Hospital da Cruz Vermelha podem continuar a ser seguidas por equipas do mesmo Hospital, o que se justifica
na medida em que, infelizmente, não raro, sofrem de patologias que requerem várias intervenções cirúrgicas.
É de salientar que foi esta a principal preocupação manifestada pelos peticionários durante a audição efetuada
em sede de comissão.
Saliento, igualmente, que o Hospital da Cruz Vermelha se situa no grupo dos hospitais que efetua
intervenções com maior complexidade e menor taxa de mortalidade, apresentando, segundo dados
internacionais, em base comparável, uma taxa de mortalidade média significativamente inferior à europeia.
Dito isto, e respeitando o sentir dos peticionários, a quem uma vez mais manifesto solidariedade, não deixa
de ser verdade que a razão que levou à não renovação do acordo existente com a Cruz Vermelha Portuguesa
ficou a dever-se às recomendações do Tribunal de Contas relativas aos acordos de cooperação, no sentido de
ser obrigatória a realização — e cito — «de estudos de análise custo-benefício na ótica
macroeconómica/social/coletividade», bem como de se proceder ao levantamento da capacidade instalada
nas especialidades objeto dos acordos de cooperação com a Cruz Vermelha de modo a reavaliar a
necessidade da sua celebração antes de a mesma ocorrer.
Aliás, o Tribunal de Contas veio mesmo a considerar que o SNS possui capacidade instalada no âmbito da
cirurgia cardiotorácica.
Estamos, pois, perante uma realidade que, por muito que acompanhemos as preocupações e as
expectativas dos peticionários, não podemos nem devemos ignorar.
Apesar deste condicionamento, importa esclarecer que a Administração Regional de Saúde de Lisboa e
Vale do Tejo (ARSLVT) implementou um procedimento para garantir que os doentes já referenciados pelo
SNS para a Cruz Vermelha não tivessem de reiniciar novo processo, uma vez que não tinham sido objeto de
intervenção por causa da caducidade entretanto ocorrida do acordo de cooperação.
O Governo foi, assim, sensível a este grave problema e garantiu que os doentes já referenciados pelo
Serviço Nacional de Saúde para o Hospital da Cruz Vermelha não tivessem de reingressar no processo de
marcação de consulta junto do centro de saúde.
Por fim, o PSD espera que esta decisão possa ter diminuído eventuais incómodos e sofrimento que a
aludida intervenção judicial tenha causado aos doentes e seus familiares.
Termino, pois, agradecendo aos peticionários o genuíno exercício de cidadania e manifestando a nossa
compreensão pela preocupação que trouxeram a debate.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Carla Cruz.
A Sr.ª CarlaCruz (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Começamos a nossa intervenção
saudando os mais de 7000 cidadãos que subscreveram esta petição.
Gostaríamos de apelar ao facto de o conteúdo desta petição dever obrigar-nos a todos a refletir nas razões
que levaram à ocorrência desta situação.