I SÉRIE — NÚMERO 107
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A mãe, Tekbar, iniciou então a greve de fome para pedir justiça pela morte do seu filho. Ainda em maio foi
recebida em Estrasburgo por um grupo de eurodeputados e obteve inúmeras declarações de apoio.
No dia 20 de junho, Tekbar Haddi teve de suspender a greve, após ser hospitalizada pela quinta vez.
Gerou-se então uma cadeia de solidariedade internacional que se expressou pela realização de 24 horas de
greve de fome em cadeia. Mais de 400 organizações aderiram a esta causa. No dia 2 de julho, ativistas dos
direitos humanos fizeram também 24 horas de greve de fome em Lisboa, em frente à Assembleia da
República.
O caso da luta desta mãe saharaui contra as autoridades marroquinas apenas pelo direito a enterrar o seu
filho e a fazer justiça à sua morte, deve mobilizar-nos a todos pela defesa dos direitos humanos e dos
princípios mais básicos do humanismo.
A Assembleia da República, reunida em Plenário, expressa a sua solidariedade à luta da mãe saharaui
Tekbar Haddi pelo direito a pedir justiça pelo assassinato do seu filho, e apela a todas as entidades
responsáveis para que respeitem e façam respeitar os direitos humanos deste povo e desta mulher.
Srs. Deputados, vamos prosseguir…
O Sr. Paulo Pisco (PS): — Sr.ª Presidente, peço desculpa, permite-me o uso da palavra?
A Sr.ª Presidente: — Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Paulo Pisco (PS): — Sr.ª Presidente, é só para anunciar que, em nome da bancada do PS,
apresentaremos uma declaração de voto relativa à votação que acabámos de realizar e às duas que se
seguem.
A Sr.ª Presidente: — Fica registado, Sr. Deputado.
Vamos, agora, votar o voto n.º 297/XII (4.ª) — De solidariedade com Tekbar Haddi, mãe do jovem saharaui
Mohamed Lamine Haidala (PCP).
Submetido à votação, foi rejeitado, com votos contra do PSD e do CDS-PP, votos a favor do PCP, do BE,
de Os Verdes e dos Deputados do PS Carlos Enes, Isabel Alves Moreira, Manuel Mota e Pedro Delgado Alves
e a abstenção do PS.
Era o seguinte:
Tekbar Haddi realizou uma greve de fome, em frente ao consulado do Reino de Marrocos em Las Palmas
de Gran Canaria, onde reside, em protesto pelo assassinato de um dos seus filhos, Mohamed Lamine Haidala,
de 21 anos, nos territórios ocupados do Saara Ocidental.
Mohamed Lamine Haidala foi vítima de uma agressão por um grupo de colonos marroquinos, em El Aaiún.
Após a agressão, foi levado para a prisão, onde não teve cuidados médicos. Mohamed Lamine Haidala viria a
falecer uns dias depois, a 8 de fevereiro de 2015.
Tekbar Haddi deslocou-se a El Aaiún para ver o corpo do seu filho, pedir a realização de uma autópsia, a
investigação das circunstâncias do assassinato e a realização do funeral do seu filho, o que lhe foi negado.
Esta situação representa uma grave violação dos direitos humanos e a negação do direito desta mãe poder
realizar um funeral digno ao seu filho.
Assim, a Assembleia da República reunida em sessão plenária no dia 3 de julho delibera:
1 — Manifestar a sua solidariedade com Tekbar Haddi que tem o direito de dar ao seu filho, Mohamed
Lamine Haidala, um funeral digno;
2 — Instar ao apuramento das circunstâncias do assassinato de Mohamed Lamine Haidala e à penalização
dos seus responsáveis.
Passamos à votação do voto n.º 304/XII (4.ª) — De solidariedade com Tekbar Haddi, mãe do jovem
saharaui Mohamed Lamine Haidala (Os Verdes).