I SÉRIE — NÚMERO 108
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Vou deter-me naquilo que é a realidade portuguesa de 2015, que é uma realidade bem diferente da que
tínhamos em Portugal em 2011.
E é bem diferente porque, como o Sr. Primeiro-Ministro disse, tivemos um Governo e uma maioria com
firmeza estratégica e com sentido de responsabilidade.
Senão, vejamos, Sr. Primeiro-Ministro. Em 2011 tínhamos a troica em Portugal, em 2015 não temos a
troica em Portugal; em 2011 estávamos a entrar em recessão económica; em 2015 vamos no segundo ano
com crescimento da nossa economia; em 2011 tínhamos tido seis anos seguidos de aumento do desemprego,
felizmente, em 2015 estamos há mais de dois anos com um desemprego alto, mas a baixar de forma
consistente; quando chegámos ao Governo, em 2011, tínhamos um défice público superior a 10% e quando
entrarmos em 2016 vamos ter um défice público inferior a 3%, o mais baixo desde o 25 de Abril.
Sr. Primeiro-Ministro, esta é a realidade da qual não podemos fugir num debate sobre o estado da Nação.
Bem sei que o Partido Socialista, os partidos da oposição tentarão desviar o debate daquilo que é
essencial. Mas o essencial, Sr. Primeiro-Ministro, é que nestes anos houve, em Portugal, quem tivesse dito
que as metas a que nos propusemos não iam ser alcançadas e que, por isso, devíamos ter pedido mais tempo
e mais dinheiro aos nossos credores. E esses foram os mesmos que quiseram dizer ao País que iríamos ter
necessidade de um segundo resgate, de um programa cautelar, que a nossa economia iria entrar numa espiral
recessiva.
Ora, esses também estão em julgamento hoje, porque o estado da Nação é o estado do País, dos
portugueses, e a avaliação daquilo que fazem o Governo, os partidos da maioria e também os partidos da
oposição.
E os partidos da oposição falharam, e falharam redondamente, todas as suas profecias para Portugal.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Acaso não tivessem falhado, talvez em Portugal, hoje, tivéssemos os bancos fechados; talvez em Portugal,
hoje, tivéssemos as pessoas em fila, no Multibanco, para acederem às suas poupanças. Acaso não tivessem
falhado, se calhar os pensionistas portugueses teriam dúvidas se iriam receber as suas pensões. Mas essa
não é a realidade portuguesa. Os senhores falharam. A realidade portuguesa é bem diferente daquela que
acabei de caraterizar.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
E mais: os Srs. Deputados que falam de pobreza sabem que a mãe e o pai da pobreza são o défice, a
dívida, o investimento público faraónico, a despesa pública incontrolada, o desemprego estrutural. Tudo isso é
que está na origem da pobreza.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — É o PSD!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Sabem, hoje os portugueses podem encarar o futuro com mais
esperança, podem mesmo perspetivar que vão ultrapassar as principais dificuldades que sentem no dia a dia,
porque o País cresce de uma forma sã, há oportunidades de emprego, cada um começa a ter a sua
oportunidade para poder firmar o seu projeto de vida.
O Sr. António Filipe (PCP): — Há gente a ouvir lá fora!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Mas os Srs. Deputados duvidam do que estou a dizer. Era bom que,
para esse efeito, ouvissem não só o que dizem os muitos cidadãos que emitem a sua opinião, mas também os
principais protagonistas políticos internacionais.
Já que estão tão atentos à comunicação social, encontrarão em jornais e em revistas, em televisões e em
rádios muitas opiniões de respeito ao povo português, às autoridades portuguesas pelo caminho que
percorremos nos últimos anos.