I SÉRIE — NÚMERO 108
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para fazer face a uma despesa imprevista. A carga fiscal sobre as famílias é a maior de sempre, tendo
aumentado 25% nos últimos quatro anos.
E é aqui, Sr. Primeiro-Ministro, que o senhor fala de consolidação orçamental! A consolidação orçamental
de que o senhor fala foi feita à custa da extorsão dos recursos dos portugueses, do aumento maior de sempre
da carga fiscal, que levou o seu Ministro das Finanças a reconhecer a incapacidade para resolver os
problemas do País e a ser o primeiro a fugir do navio.
Aplausos do PS.
As empresas nacionais são as quintas europeias a pagar mais impostos e contribuições e quer o
investimento público, quer o privado caíram também violentamente.
A qualidade dos serviços públicos diminuiu e a dificuldade de acesso a esses serviços aumentou. Apesar
de tudo isto, a dívida pública é a maior de sempre e nos últimos dias ficámos mesmo a saber que, afinal, o
défice de 2014 poderá chegar aos 6% devido à situação do Novo Banco, que o Governo jurou que não traria
custos para o erário público.
Sr.ª Presidente, com este Governo tudo o que é bom desceu e tudo o que é mau subiu.
O Governo e a maioria podem procurar as justificações que quiserem para o seu fracasso, mas será
sempre isso mesmo, a justificação de um fracasso. Dizer que Portugal está no caminho certo é confundir
realidade e ficção.
Aplausos do PS.
Dizer que Portugal está no caminho certo é confundir realidade com mentira. Mentira, o pecado original que
os levou a prometer não aumentar impostos, não cortar salários nem pensões, cortar subsídios de férias e de
Natal. «Isso é um disparate» — disse o Sr. Primeiro-Ministro no dia 1 de abril de 2011.
Vozes do PS: — É verdade!
O Sr. Marcos Perestrello (PS): — Sr. Primeiro-Ministro, este é o último debate do estado da Nação deste
Governo e o balanço é negativo para os portugueses.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Montenegro.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro e Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados, debater o estado da Nação em julho de 2015, no final da quarta e última sessão legislativa
desta Legislatura, é responder a uma pergunta simples: como está Portugal hoje e como estaria se a oposição
e o Partido Socialista tivessem governado o País desde 2011?
O Sr. Jorge Fão (PS): — Bem melhor!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Vejamos seis níveis de intervenção e outras tantas conclusões.
Em primeiro lugar, ao nível da estabilidade política e governativa, o PSD e o CDS firmaram um acordo
político na sequência dos resultados eleitorais de 2011. Tiveram as suas divergências; tiveram de executar o
Memorando negociado pelo Partido Socialista; tiveram de conviver com tempos de incerteza a nível europeu;
tiveram de ultrapassar as decisões legítimas mas discutíveis do Tribunal Constitucional; tiveram de renovar e
transformar Portugal com a implementação de reformas estruturais há muito adiadas; tiveram de lidar com
várias e naturais resistências à mudança; e tiveram de respeitar e compreender a reação dos cidadãos a
medidas difíceis, indesejadas e impopulares.
Os partidos que suportam o Governo tiveram de enfrentar e superar tudo isso e souberam convergir,
conciliar e decidir, sempre colocando à frente o interesse do Estado o interesse dos portugueses.