9 DE JULHO DE 2015
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Uma vida que vale a pena foi o que Maria Barroso nos deixou, e um exemplo de solicitude, como a teia que
cose as nossas relações políticas. Ela tinha-a todos os dias e ligava-a extraordinariamente a uma força sem
limites.
Srs. Deputados, Srs. Ministros e Sr. Primeiro-Ministro, não podia deixar de fazer aqui esta referência que,
ao mesmo tempo, tem o lado atrevido da dimensão pessoal, mas que é inevitável, como, aliás, deve ser
sempre inevitável em todos os momentos do exercício da política.
Vamos, agora, votar o voto que foi lido pelo Sr. Deputado Jorge Lacão, o voto de pesar pela morte de Maria
de Jesus Simões Barrosos Soares.
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
Peço a todos que guardemos 1 minuto de silêncio.
A Câmara guardou, de pé, 1 minuto de silêncio.
Fica o abraço, especial, ao Sr. Deputado João Soares, ao Sr. Dr. Mário Soares, à Sr.ª Dr.ª Isabel Soares e
família e ao Grupo Parlamentar do Partido Socialista.
Srs. Deputados, vamos, então, dar início ao nosso debate sobre o estado da Nação.
Como todos sabem, neste modelo, o Sr. Primeiro-Ministro abrirá o debate, seguindo-se pedidos de
esclarecimento, cuja ordem é a seguinte: PS, PSD, CDS-PP, PCP, BE e Os Verdes.
Srs. Deputados e Srs. Membros do Governo, para abrir o debate, dou a palavra ao Sr. Primeiro-Ministro.
Tem a palavra, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro (Pedro Passos Coelho): — Sr.ª Presidente da Assembleia da República, Sr.as
e
Srs. Deputados, Minhas Senhoras e Meus Senhores: Durante estes quatro anos, enquanto lançámos mãos às
tarefas urgentes que tínhamos pela frente, preparámos também o País para resistir às contingências que o
futuro pudesse trazer. Com tudo o que entretanto se passou, sabemos que a estratégia que seguimos, de
rigor, de crescimento e de credibilidade, foi a mais acertada.
Foi a mais acertada, não segundo critérios de política partidária, não segundo cartilhas ideológicas que
ignoram a realidade e os problemas concretos das pessoas. Foi, sim, a estratégia mais acertada para proteger
os portugueses nas suas vidas quotidianas. Foi, sim, uma estratégia acertada para devolver aos portugueses
um horizonte de mais prosperidade, de mais equidade e de mais justiça.
Esse horizonte, que alguns podem discutir se é mais otimista ou menos otimista, voltou a ser o ponto de
referência da nossa vida nacional. E isso faz toda a diferença. A discussão em Portugal já não é o crescimento
do desemprego, o tumulto financeiro, a insegurança das poupanças, o desaparecimento de empresas e
setores de atividade. A discussão, bem diferente agora, é: quanto é que a economia vai crescer, qual o ritmo
de descida do desemprego, que aceleração terá a inovação na nossa economia, a que velocidade serão
removidas todas as medidas que nos foram forçadas pela violência da emergência nacional que
atravessámos.
Este é um facto indesmentível da realidade portuguesa. E ainda bem que é assim, porque os governos
existem para servir as pessoas, todas as pessoas, nas suas aspirações de vida, na resolução dos seus
problemas. Existem para servir o conjunto da comunidade, para garantir o seu futuro em segurança e em
justiça, para afirmar a sua vontade autónoma, algo que é incompatível com a sucessão de crises e de
emergências financeiras. Essa é a tradução real do respeito que nós, como comunidade política, temos por
nós próprios. Esse é, no fundo, o desígnio do nosso projeto democrático.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
É verdade que não resolvemos todos os problemas. Ninguém pretende, nem nunca se pretendeu, que
poderíamos alcançar resultados tão definitivos. Mas quando medimos a dimensão da crise que se abateu
sobre nós em 2011, quando revisitamos a quantidade de perigos que conseguimos evitar, quando somamos o
número de respostas que demos aos problemas, que se agigantaram no Estado social, nos desequilíbrios