I SÉRIE — NÚMERO 108
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Agora percebe-se melhor que conter a despesa pública num Estado em pré-falência não é um assunto
estritamente financeiro, é salvaguardar os valores da justiça e da liberdade.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Percebe-se melhor que fazer reformas estruturais numa economia estagnada não é um tema da
tecnocracia, é salvaguardar esses mesmos valores, é ter os portugueses no princípio e no fim da ação
governativa.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Da nossa parte, nunca faremos dos portugueses cobaias de experiências
políticas nem instrumentos para obter este ou aquele pergaminho.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Chegados ao quarto ano da Legislatura, é natural e necessário que se façam
balanços do que se passou. Mas o tempo não espera por ninguém e os balanços só fazem sentido se
servirem para preparar o futuro. É para esse futuro que olhamos, com uma confiança que o País já não tinha
há muito tempo.
O Sr. João Oliveira (PCP): — E de lenço branco na mão!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Essa confiança vem, em primeiro lugar, do que conseguimos fazer na nossa
casa. Afirmámos o princípio da responsabilidade nacional, sem o qual não há união na Europa, nem resolução
dos nossos problemas internos. Não quisemos ser joguetes do que fosse decidido fora das nossas fronteiras.
Se não tivéssemos abraçado o princípio da responsabilidade nacional, como tantas vezes aqui, no
Parlamento, o principal partido da oposição rejeitou, estaríamos agora a enfrentar carências muito graves,
desequilíbrios muito sérios e, com toda a certeza, ainda estaríamos a tentar cumprir sucessivos programas de
assistência externa.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Até parece que vai tudo de vento em popa!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Mas, ao mesmo tempo, temos uma confiança renovada, porque a Europa,
gradualmente, avança para regras e instituições alicerçadas no princípio da responsabilidade comum. Estes
dois princípios são faces da mesma moeda. É uma ilusão pensar que na fase atual da integração europeia
podemos ter um sem o outro.
A responsabilidade comum precisa agora de ser concretizada a um nível mais profundo e mais duradouro.
As reformas que defendemos para a união monetária correspondem a esse aprofundamento e a essa
institucionalização. Visam atender aos desafios que são efetivamente comuns, sem saltos no escuro e com
realismo.
O Fundo Monetário Europeu que propus às instituições europeias e aos nossos parceiros, com as funções
de estabilização financeira e de amortecimento de crises económicas, é um pilar central de um euro que seja
um espaço de convergência, de liberdade e das possibilidades económicas dos vários países. É o interlocutor
na definição de políticas na zona euro de que o Banco Central Europeu precisa.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Está à vista!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Caminhamos para uma solução desse tipo, estou convencido disso. É uma
questão de tempo. Um tempo que devemos acelerar até pelo momento que vivemos. Não só por causa da