16 DE SETEMBRO DE 2016
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O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.
O Sr. Tiago Barbosa Ribeiro (PS): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Como eu dizia, este Governo vai decidir se nós queremos continuar a defender aquelas que são as reais
condições de defesa da classe média, que é privilegiando o Estado social, a escola pública, um sistema social,
um sistema fiscal socialmente mais justo, porque é por aí que se defende a justiça social no nosso País. É por
aí que se defende a classe média do nosso País — e não a classe média-padrão da direita —, não é ficando de
braços cruzados, é com aquilo que estamos a fazer e com aquilo que continuaremos a fazer ao longo do próximo
Orçamento.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado João Oliveira.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Tiago Barbosa Ribeiro, muito obrigado pelas
questões que colocou.
A matéria relacionada com a política social, com os direitos sociais dos portugueses e com a ofensiva de que
foram alvo, particularmente nos últimos quatro anos com o Governo do PSD/CDS, com o agravamento dramático
da situação de pobreza, com as pressões verdadeiramente desumanas desse agravamento da pobreza, como
aconteceu, por exemplo, em relação à pobreza infantil, com crianças a passarem fome, com crianças que só
tomavam uma refeição por dia, que era aquela que lhes era fornecida na escola, é de facto uma realidade que
nós queremos empurrar para o passado e que queremos que nunca mais se repita. Mas essa realidade é
consequência de políticas concretas e políticas que servem determinados interesses prejudicando outros. Essa
política empurrou milhões de portugueses para a pobreza, atingiu de forma particularmente grave as crianças e
os idosos, deixou marginalizado e excluído na sociedade um número crescente de portugueses que se viram
limitados nas prestações sociais a que tinham acesso, depois de terem perdido o emprego. Esses portugueses,
depois de terem perdido qualquer forma de rendimento, perderam também as prestações sociais e, em muitos
casos, acabaram até por perder as casas por força da situação económica em que foram colocados. Estas são
marcas flagrantes de uma política que foi desenvolvida com essas consequências para uma grande fatia de
portugueses, mas em benefício de uma meia dúzia de poderosos, em benefício de uma meia dúzia de grupos
económicos, em benefício de uma meia dúzia de grupos monopolistas que concentraram e centralizaram
riqueza, em resultado do esbulho de rendimentos, do assalto que foi feito aos salários, às pensões e aos
rendimentos da maioria do povo português.
Esse elemento de injustiça social que marca a política de direita e que marcou, de forma particularmente
dramática, a política do anterior Governo é aquilo que precisa de ser combatido na sua génese. E nós sabemos
que as medidas de fundo que é preciso tomar para combater essas orientações políticas e essas decisões vão
muito para lá das medidas que já foram tomadas e até de alguns compromissos que estão assumidos e que
estão na base da solução política que foi encontrada depois das eleições para a Assembleia da República. Mas
nós percebemos também que, quando PSD e CDS, na Assembleia da República, assumem intervenções como
aquela que ouvimos, há pouco, da parte do CDS, dão voz a quem está do outro lado da barricada, aos interesses
que, durante quatro anos, foram privilegiados e favorecidos por aquela política e que não se conformam com a
recuperação de rendimentos dos trabalhadores e do povo português, não se conformam com a reposição de
salários, não se conformam com o aumento das pensões, a devolução de direitos, a devolução de feriados e de
horários de trabalho.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Sr. Deputado, tem de concluir.
O Sr. João Oliveira (PCP): — É nisso que temos de insistir! Particularmente as questões relacionadas…
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Sr. Deputado João Oliveira…