I SÉRIE — NÚMERO 2
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Domingues Azevedo morreu demasiado cedo. Tinha 66 anos. A sua vida foi uma vida intensa e sempre
dedicada à construção de um Portugal melhor.
Na sua vida cívica, destaca-se a sua participação política. Militante do Partido Socialista, serviu o concelho
onde nasceu e ao qual sempre se dedicou, Vila Nova de Famalicão, como membro da Assembleia Municipal e
como Presidente da Assembleia de Freguesia de Fradelos, onde nasceu.
Foi Deputado à Assembleia da República de 1983 a 1995 pelo distrito de Braga. Foi Presidente da Comissão
Nacional de Fiscalização Económica e Financeira do Partido Socialista e Presidente da Comissão de
Fiscalização Económica e Financeira da Federação de Braga do Partido Socialista.
As grandes causas da sua vida foram a justiça fiscal e a transparência. Ficará para sempre como o primeiro
Bastonário da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas, criada em 2010, Ordem por cuja constituição lutou
enquanto Presidente da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas, desde 1996.
No seu percurso profissional, Domingues Azevedo lutou pela noção de exigência do desempenho da sua
profissão, pela imprescindibilidade do rigor, da transparência e da organização das contas das empresas e do
Estado, pela importância da promoção da dimensão social das empresas e pela noção de interesse público do
trabalho dos profissionais que representava enquanto elementos de importância fundamental para a
determinação dos quantitativos, do esforço que as empresas e os cidadãos têm de fazer para o financiamento
da sociedade.
Domingues Azevedo nasceu numa família humilde e talvez por isso uma das suas características, por todos
reconhecida, seja a humildade. Marcou todas as pessoas que com ele conviveram pela forma como sabia ouvir,
pela forma como era muito solidário, pela forma como era sempre objetivo e sério em tudo o que dizia e fazia.
Domingues Azevedo tinha ainda muito para dar e vai fazer-nos muita falta.
Aos seus amigos, à Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas, ao Partido Socialista e de uma forma especial
à sua família, que ocupava um lugar central e único na sua vida, a Assembleia da República manifesta o profundo
sentido de pesar e perda pela morte de Domingues Azevedo, na certeza de que o seu exemplo de vida não será
esquecido.»
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Por acordo das várias bancadas, neste momento de evocação, foi
atribuído um tempo de 2 minutos, para uma intervenção, à bancada do PS.
Tem a palavra o Sr. Deputado Joaquim Barreto.
O Sr. JoaquimBarreto (PS): — Sr. Presidente e Srs. Deputados, agradeço o facto de me terem dado a
palavra.
Queria dizer-vos que é com tristeza mas com muito orgulho e honra que hoje, neste Plenário, expresso de
viva voz os valores, os princípios e a conduta do cidadão Domingues Azevedo, natural de Famalicão, distrito de
Braga.
Falo de um homem grande, com uma forte intervenção cívica e política. Conheci-o há muitos anos e com ele
partilhei muitos momentos da nossa vida pessoal e política.
Domingues Azevedo, como foi referido no voto de pesar, foi Deputado nesta Assembleia, foi autarca em
Famalicão, foi dirigente nacional do Partido Socialista e foi, durante muitos anos, Bastonário da Ordem dos
Técnicos Oficias de Contas.
Foi um homem que se fez por ele, muitas vezes até com incompreensões, mas Domingues Azevedo nunca
desistia de provar que tinha razão.
Demonstrou, nas suas intervenções, quer em grupos mais restritos, quer nos meios de comunicação social,
que era um homem tenaz, frontal, com grande coragem, com uma grande clareza na forma como abordava os
assuntos, com grande objetividade e também com muita imparcialidade.
Fica para sempre na nossa memória, enquanto portugueses, pela dimensão nacional e até internacional que
ele alcançou, a sua obra, o seu trabalho, o seu empenho pela causa pública. Era um homem de causas e não
um homem de casos.
Domingues Azevedo lutou por uma maior justiça na tributação fiscal.
Lutou na vida e lutou pela vida.
Tive o privilégio de o visitar acompanhado de dirigentes do Partido Socialista e, ultimamente, pela Secretária-
Geral Adjunta do PS, Ana Catarina Mendonça Mendes. E para que todos saibam quem era o Domingues