1 DE OUTUBRO DE 2016
37
O Sr. Miguel Morgado (PSD): — Portanto, teremos de ter esta discussão na próxima semana em torno do
nosso próprio texto.
A posição do Partido Social Democrata nesta matéria foi, desde o primeiro momento, a mesma. Quaisquer
tipos de sanções, quer de natureza pecuniária, quer de suspensão de fundos europeus, em torno do
agravamento do procedimento por défice excessivo, respeitantes aos anos de 2013-2015 eram sempre, e em
qualquer circunstância, injustas e injustificadas, quer dizer, desrazoáveis e sem razão de ser.
Em julho, acolhemos favoravelmente a decisão da Comissão Europeia, a única decisão sensata neste
processo que foi essencialmente insensato, de não aplicar sanções pecuniárias a Portugal. Recordo, no entanto,
que, na sequência dessa decisão da Comissão Europeia, o Governo português comprometeu-se com um
conjunto de objetivos para 2016 e 2017 que são muito importantes para garantir a não efetivação destas
sanções, agora de suspensão de fundos europeus, que, uma vez mais, continuamos a achar que são injustas e
injustificadas.
Esperemos, no entanto, que o Governo esteja à altura das suas responsabilidades. É com isso que contamos,
evidentemente.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Então, a responsabilidade é deste Governo?!
O Sr. Miguel Morgado (PSD): — Finalmente, em relação ao voto do PCP, que hoje é proposto a votação,
não é mais do que a habitual manifestação de ressentimento e de hostilidade contra a Europa.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!
O Sr. Miguel Morgado (PSD): — Isso merece não só a nossa discordância, como a nossa frontal oposição,
agora e no futuro.
Mais: o texto do voto revela uma contradição fatal para o Partido Comunista em toda esta discussão. O
Partido Comunista é livre — a democracia confere-lhe esse direito — de defender a saída de Portugal não só
da zona euro, como da União Europeia. É livre de o fazer e deve fazê-lo. Mas deve ter a coragem de ser
consequente com essa tomada de posição. Se não devemos estar na União Europeia, então qual é o direito
incondicional que temos de receber os fundos europeus?
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Ora!
O Sr. Miguel Morgado (PSD): — Essa contradição, o PCP não tem a coragem de admitir.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Oliveira.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Sr. Deputado Miguel Morgado fez
aqui uma repetição do exercício, que já ontem o PSD e o CDS fizeram, de procurar fugir à discussão sobre a
defesa do interesse nacional e sobre aquilo que o serve.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Percebemos que queira procurar fugir às responsabilidades do próprio PSD, e também do CDS, não só
relativamente à situação que o País está a atravessar, mas, sobretudo, ao jogo duplo que o PSD e o CDS têm
feito a propósito desta matéria.
Os senhores não só fazem um discurso de apelo à não aplicação de sanções, como, ao mesmo tempo,
esfregam as mãos de contente a torcer para que Portugal seja sancionado, com o objetivo de poder vir a criar
dificuldades àquilo que hoje são medidas de reposição de direitos e de rendimentos, porque é esse o vosso
verdadeiro objetivo.