I SÉRIE — NÚMERO 15
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Em primeiro lugar, o Balcão Nacional do Arrendamento, como a Sr.ª Deputada muito bem sabe, é para todos
os contratos de arrendamento e não apenas para os contratos que a lei de 2012, com a cláusula de salvaguarda,
visa proteger, que são os contratos de arrendamento de pessoas com mais de 65 anos com carências
económicas, ou com menos de 65 anos com carências económicas e portadores de deficiência.
Portanto, é natural que no Balcão Nacional do Arrendamento, decorrente do arrendamento, chamemos-lhe,
«normal», possa haver outras questões.
Protestos da Deputada do PCP Rita Rato.
Mas do que falo em concreto é da proteção, que foi feita com esta lei de 2012, daqueles que são mais
carenciados, ou seja, da intenção de o Estado fazer efetiva proteção social aos mais carenciados. Portanto, não
tem a ver com aquilo que a Sr.ª Deputada estava a dizer.
Para terminar, e sem abusar muito do tempo que o Partido Socialista me disponibilizou, já agora, e para que
fiquem mais contentes, vou citar um socialista, o Sr. Primeiro-Ministro, António Costa, que há cinco anos, era na
altura Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, na Quadratura do Círculo, programa onde participava, dizia
— e perdoem-me este tempo, mas agora é um socialista que está a falar, não sou eu: «Estamos de acordo que
esse congelamento, durante décadas, teve um efeito negativo — não enriqueceu os inquilinos, empobreceu os
senhorios e, sobretudo, depauperou as cidades. Agora, como é que se dá a volta a isto? É muito simples: para
que as rendas sejam atualizadas, há uma de duas entidades que tem de pagar, ou o inquilino ou o Estado,
subsidiando o inquilino. Caso contrário, continua o senhorio a pagar.» Foi exatamente o que fizemos. Obrigado,
Dr. António Costa, pela sugestão.
Aplausos do CDS-PP e de Deputados do PSD.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Com o projeto de lei que hoje se coloca
à discussão na Assembleia da República, o PCP procura contribuir para uma resposta urgente e efetiva aos
problemas gravíssimos que a famigerada «lei dos despejos» veio trazer também às micro, pequenas e médias
empresas.
A nossa iniciativa e a nossa proposta têm em conta essa vertente, de grande importância também neste
debate, do arrendamento urbano não habitacional, relevante para a atividade económica no comércio, nos
serviços, na hotelaria, na restauração e bebidas e no trabalho dos negócios locais que dão vida às cidades e às
vilas deste País, aos centros históricos e não só.
O CDS-PP e o PSD já vieram a este debate com a leitura onírica de satisfação e de contentamento face aos
resultados da lei que aprovaram no anterior Governo. «Não houve drama nenhum!», foi o que disseram já esta
tarde; «A lei é equilibrada!», disseram há pouco. É caso para dizer que, melhor do que ninguém, são os próprios
CDS-PP e PSD a demonstrarem, com toda a clareza, que interesses defendem, que interesses representam e
para que interesses governaram.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Quando o País assistia, atónito e alarmado, a uma autêntica razia nas micro e
pequenas empresas do comércio local, quando lojas históricas encerravam as suas portas, quando o
desemprego alastrava e se descaracterizavam os bairros e as comunidades, porque os empresários eram
confrontados com situações verdadeiramente incomportáveis nas rendas dos imóveis, perante tudo isto, o
balanço que hoje fazem é esclarecedor: «Não houve drama nenhum!».
Isto será certamente verdade para os fundos de investimento imobiliário e para o capital financeiro, mas vê-
se bem o desprezo que vos merecem todos os micro e pequenos empresários que condenaram à ruína.
O PSD e o CDS tanto falavam, falam e falaram hoje de estabilidade, de previsibilidade, de ambientes de
negócios, mas, na verdade, o que impuseram foi uma lei que deixou estes empresários num quadro de total
incerteza e confrontados, desde logo, com o fim da linha, com o encerramento das empresas, com a destruição