I SÉRIE — NÚMERO 15
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Protestos do PSD e do CDS-PP.
E, depois, quiseram fazer um enorme ajuste de contas com as pessoas que estavam nessas casas
anteriormente a 1990, pessoas cuja média de idade não é de 65 anos mas de 70, 75 ou 80 anos e que, de
repente, receberam cartinhas em casa a dizer que a sua renda passava a ser x e que se não respondessem
dentro de um mês era porque aceitavam o aumento da renda.
Vozes do PS: — É verdade!
O Sr. Miguel Coelho (PS): — Este foi o primeiro alçapão que os senhores criaram e que gerou uma enorme
confusão, ansiedade, depressões e, porventura, até antecipou o fim de ciclo de muita gente, porque são pessoas
que estão na fase terminal da sua vida.
Protestos do CDS-PP.
A Sr.ª AssunçãoCristas (CDS-PP): — Não é verdade!
O Sr. MiguelCoelho (PS): — É verdade, é, Sr.ª Deputada. E sei muito bem do que estou a falar.
O Sr. NunoMagalhães (CDS-PP): — Não sabe, não!
O Sr. MiguelCoelho (PS): — Sou autarca de proximidade e sei muito bem do que estou a falar.
Protestos do CDS-PP.
Este foi um problema tão preocupante, que até me recordo de um Sr. Deputado do PSD, na ânsia da defesa
desta lei, dizer, na altura: «Quem não puder pagar a renda que mude de casa, porque é assim que funciona o
mercado!». Todos nós ouvimos e lemos isso!
O Sr. NunoMagalhães (CDS-PP): — Isso é política de sarjeta!
O Sr. MiguelCoelho (PS): — Portanto, o que os senhores fizeram foi um ajuste de contas com as pessoas
que tinham contratos anteriores a 1990 — pessoas pobres ou remediadas! —, o que criou uma enorme
intranquilidade a muitas pessoas que conseguiam sobreviver.
Por exemplo, muita gente que vive na zona das Avenidas Novas, aqui, em Lisboa, viu, de repente, aumentos
nas suas rendas que não podiam pagar. Sei do que falo, porque essas pessoas vieram falar comigo, Sr.as e Srs.
Deputados.
Vozes do PSD e do CDS-PP: — E connosco também!
O Sr. MiguelCoelho (PS): — Vieram falar comigo e estavam perfeitamente aterrorizadas com a situação.
Eu acompanho estes assuntos há muitos anos.
Protestos do CDS-PP.
A verdade é que o PSD não foi capaz de mexer, de repor, de honrar a sua própria palavra em relação à
prorrogação do período de transição para os 15 anos, que assumiu na campanha eleitoral, e quero pressupor
que também nessa altura venceu as eleições porque se comprometeu com isto — vamos lá falar claramente
sobre esta matéria, Srs. Deputados.
Portanto, esta iniciativa é oportuna porque vai terminar com o estado de ansiedade em que vivem as pessoas
neste momento. Vive muita gente aqui, em Lisboa — e sei do que falo —, que sempre se habituou a viver na
perspetiva de que poderia estar na sua casa até ao fim da vida e que agora vive com o fantasma da hipótese