21 DE OUTUBRO DE 2016
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para as populações e as comunidades locais, que perderam um espaço de participação cívica e de usufruto de
um conjunto de atividades de desporto, de lazer e de cultura.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: No universo destas coletividades e associações há as que têm instalações
próprias, que foram adquiridas com o esforço significativo por parte dos seus dirigentes e com o contributo das
comunidades locais, e que, assim, não se viram confrontadas com o problema do arrendamento; há as que,
embora num número pouco significativo, se encontram em espaços cedidos pelas autarquias e pelos quais
pagam rendas simbólicas, ou não há lugar a esse pagamento; e há, depois, as que se encontram em espaços
alugados e que foram gravemente afetados pelo brutal e inaceitável aumento de rendas imposto pelo anterior
Governo, do PSD/CDS.
Por exemplo, na Área Metropolitana de Lisboa, considerando os distritos de Lisboa e de Setúbal, estamos a
falar de uma média de aumentos da ordem dos 400%, sendo que há casos com aumentos de mais de 2500%
no valor das rendas das coletividades e das associações.
A este propósito, Srs. Deputados, importa ainda referir que muitas das benfeitorias realizadas ao longo dos
anos nos espaços alugados pelas coletividades foram da responsabilidade das coletividades, que preservaram
e valorizaram o património do senhorio, o que agrava ainda mais a injustiça desta lei.
Para muitas coletividades esta foi a machadada final. Depois do aumento dos custos, por exemplo, com a
eletricidade e com o gás, que o PSD e CDS impuseram, depois de muitas coletividades e associações se
debaterem com dificuldades para continuar a sua atividade, associando também a perda de receita, que não
está desligada daquela que foi a política de empobrecimento que PSD e CDS impuseram às famílias, depois de
tudo isto, e em paralelo, vem a dita lei das rendas com os seus aumentos brutais, significando o golpe final para
muitas coletividades.
Esta lei significou, para muitas delas, a mudança de instalações, deixando para trás anos e anos da sua
história e de relação próxima com as populações locais, e, para outras, longos processos de negociação, que
conduziram, em muitos casos, à suspensão ou ao encerramento da atividade, com os inerentes prejuízos para
a comunidade.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: As mais de 30 000 coletividades e associações que se prevê existam no
País e que se dedicam ao desporto, ao recreio, à cultura e mesmo à área social, a esmagadora maioria delas
com largas dezenas e mesmo com mais de 100 anos de existência, desempenham um papel inestimável junto
das populações devido ao seu caráter de proximidade, continuando a ser, em muitos casos, o garante da
democratização do acesso à criação e fruição cultural e à prática desportiva, direitos constitucionais dos quais
o Estado se tem desresponsabilizado ao longo dos anos.
Sem prejuízo da necessidade de uma intervenção que ponha fim às injustiças e desigualdades resultantes
do arrendamento urbano, o que o PCP aqui traz hoje é um contributo que responde aos problemas sentidos
pelas coletividades de desporto, cultura e recreio, designadamente no que se refere a espaços de arrendamento,
propondo o alargamento do período transitório de 5 para 10 anos no caso do arrendamento para fim não
habitacional.
A valorização das coletividades de desporto, de cultura e de recreio, pela importante função social que
desempenham, pelo que significam de participação popular, passa também por soluções como as que aqui
apresentamos.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Emília Santos.
A Sr.ª Emília Santos (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Chegados ao fim deste debate, em
que as políticas de habitação, e muito em concreto o regime de arrendamento, estiveram no centro de toda a
discussão, resta-nos concluir que assistimos, esta tarde, a uma demonstração de vontades que em nada
valorizam a ação política aos olhos dos portugueses. O Partido Comunista veio aqui fazer um frete ao Partido
Socialista;…
Protestos do PCP.