I SÉRIE — NÚMERO 16
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A insistência na taxação do carbono também já mostrou ser ineficaz, pelo que a insistência dos mecanismos
de mercado nas licenças não concorrer para um menor número de emissões.
Finalmente, reservar os centros nobres das cidades para as elites, através de opções políticas que empurram
famílias trabalhadoras para as periferias ou o desinvestimento e degradação do serviço público de transportes,
a par de opções privatizadoras neste setor, ao mesmo tempo que se aumenta os preços dos transportes
públicos, dificulta e afasta os cidadãos dos centros urbanos e não conduz à redução de emissão com gases
com efeito estufa.
A Deputada do PCP, Ana Virgínia Pereira.
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Congratulamo-nos com as iniciativas do CDS/PP e do PSD vertidas nos votos n.os 141/XIII (2.ª) e145/XIII
(2.ª), ao reafirmar que as alterações climáticas são uma realidade e que os seus efeitos têm profundas alterações
no tecido social e económico do País e do mundo. Concordamos também, em parte, que as políticas nacionais
têm aportado um crescimento do investimento em energias renováveis e que Portugal é um exemplo positivo
neste campo. Porém, consideramos insuficientes, e poucos aprofundados, os dados que nos permitem
congratular em pleno as políticas implementadas no nosso país em relação ao combate e à mitigação de
alterações climáticas.
Em contraponto ao expresso pelos votos de ambos os partidos, e segundo dados do EuroStat, Portugal foi
dos poucos países na União Europeia que aumentou a emissão de gases de efeito de estufa entre 1990 e 2014,
em 8,8%, quando a média europeia se situa nos 20% de redução. E este cálculo não tem em linha de conta o
setor da gestão de solos e florestas. É importante também frisar que este decréscimo das emissões foi também
exponenciado pela crise económica que atingiu as economias mundiais, em 2008, não somente por políticas
internas. Este fator fez diminuir o peso de vários setores altamente poluentes como o da construção, com
especial impacto em Portugal.
Deste modo alertamos para a necessidade de aprofundar as análises macroeconómicas para aferirmos com
o maior grau de certeza os dados que partilhamos para a sociedade civil para que possamos, em paralelo, gerar
um clima de esperança mas não de falsa segurança no caminho que ainda temos que percorrer de modo a não
atingirmos a meta do Acordo de Paris do aumento de 2.º até 2100.
O Deputado do PAN — Pessoas-Animais-Natureza, André Silva.
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Relativa ao projeto de resolução n.º 491/XIII (2.ª):
Até janeiro de 2016, não tinham sido celebrados quaisquer contratos de investimento no âmbito do PDR
2020.
Apenas tinham sido pagas medidas agroambientais que, como é publicamente conhecido, criaram um buraco
orçamental de cerca de 200 milhões de euros, que o atual Ministro da Agricultura teve de enfrentar.
Com o anterior Governo, no qual o CDS teve grandes responsabilidades no Ministério da Agricultura,
Florestas e Desenvolvimento Rural, a dotação no Orçamento do Estado passou de mais de 140 milhões de
euros, em 2010, para apenas 65 milhões, em 2015, tendo sido responsável pela redução em mais de 300
milhões de euros da dotação disponível para o investimento agrícola.
A adotar-se o projeto de resolução que o CDS agora nos apresenta para todas as situações similares estaria
em causa uma disponibilização adicional de quase 500 milhões de euros que, para os Deputados do Partido
Socialista, não deixa de ser um exercício de oportunismo e irresponsável.
O que pretende o CDS-PP é branquear um passado pouco claro do ponto de vista político e branquear um
passado pouco rigoroso do ponto de vista da execução do quadro comunitário.