28 DE OUTUBRO DE 2016
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O Sr. Pedro Soares (BE): — É um debate que aproxima a cidadania da democracia. E é nessa perspetiva
de aproximação da democracia dos cidadãos, dos partidos, da Assembleia da República, que nós entendemos
este debate, que apresentamos este projeto de lei e é neste sentido que nós apelamos também a que haja
grande consenso na Assembleia da República para que estes objetivos sejam alcançados.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Vânia Dias da Silva.
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Não é de hoje nem de agora
o entendimento do CDS de que todos, sem exceção, devem contribuir para o esforço nacional de voltar a pôr
Portugal na rota do crescimento e da sustentabilidade.
E também não é de hoje, nem de agora, o entendimento do CDS de que os partidos políticos e os políticos
devem ser os primeiros a dar o exemplo. O CDS foi o primeiro a fazê-lo em 2010 quando o desastre nacional já
se adivinhava, propondo um corte de 5% no salário dos titulares de cargos políticos e volta a fazê-lo agora, sem
alaridos catastrofistas, mas com uma visão absolutamente realista de que não é ainda tempo de relaxar no
controlo das contas públicas e na necessidade premente de voltar a ver Portugal crescer.
Contrariamente ao que alardearam, os partidos que compõem a atual maioria não só falharam
clamorosamente as metas do crescimento como, pior, conseguiram pôr Portugal a crescer menos do que o PSD
e o CDS, acabados de sair de um programa de assistência financeira, que, não é demais lembrar, herdou do
PS.
Acresce o sacrifício fiscal a que continuam, e continuarão, aparentemente, votados os portugueses. Ao invés
de estarmos agora a discutir que impostos poderíamos começar gradual e sustentadamente a baixar, estamos
infelizmente a assistir a um aumento de impostos indiretos e à criação de alguns outros, sem se descerem
impostos diretos que, reconhecidamente, também por nós, são muito altos.
Por isso mesmo e porque não podemos exigir dos outros — de todos os portugueses, entenda-se — o que
não exigimos de nós, partidos e políticos, vimos hoje propor que políticos e partidos se associem ao sacrifício
fiscal dos portugueses e, no fim da linha, contribuir, ainda que modestamente, para a possibilidade de redução
da carga fiscal que pesa sobre os portugueses.
Assim, os projetos de lei que apresentamos a esta Câmara assentam essencialmente em três vetores. O
primeiro é o da eliminação da isenção do IMI de que os partidos beneficiam desde sempre. Isto é, propomos
que os partidos passem a pagar IMI como os demais cidadãos. Numa altura em que a nova tributação do
património imobiliário é já uma certeza, não podemos fingir não ver e ficar indiferentes. É essa a razão desta
proposta.
O segundo vetor é o seguinte: cortar definitivamente no montante da subvenção pública atribuída aos
partidos, em 10%, e no montante da subvenção destinada ao financiamento das campanhas eleitorais, em 20%.
Simplificando e «trocando por miúdos», propomos uma redução de 10% na principal fonte de financiamento dos
partidos e de 20% no limite das despesas a fazer em campanha eleitoral.
O terceiro e último vetor é o da eliminação da possibilidade de alocar qualquer dinheiro público à conceção,
produção e afixação de outdoors, os cartazes e telas na via pública. Não só por causa do lixo ambiental que
isso, obviamente, significa, não só por causa da poupança que isso implica, mas também porque é hora de
voltar a favorecer o debate e de voltar a promover o contacto direto com os cidadãos.
Existem hoje meios tecnológicos suficientes e suficientemente abrangentes para dar conta da natural
publicidade que os partidos querem fazer de si e das suas opções políticas. Privilegiá-los cada vez mais é de
bom-tom, por tudo o que já disse e porque a nossa democracia precisa seriamente de aproximação entre eleitos
e eleitores e nada melhor do que voltar aos tempos do debate de ideias para o fazer.
Não é nova esta nossa ideia, mas nunca vingou. Esperamos que sejam as novas opções dos outros partidos
nesta matéria a vingar agora também e que nos acompanhem neste domínio.
De resto, e para terminar, queria dizer aos «velhos do Restelo» que não, não é demagogia, é a difícil realidade
que está aqui em causa, que não, não é o fim dos partidos e que não estão em causa os partidos e que não,