28 DE OUTUBRO DE 2016
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Alguns dos projetos, com origem em diferentes quadrantes, ao irem no sentido de questionar isenções fiscais
sobre a atividade política dos partidos, em sede de IMI (imposto municipal sobre imóveis), IMT (imposto
municipal sobre a transmissão onerosa de imóveis), IVA (imposto sobre o valor acrescentado), IA (imposto
automóvel), não têm outro efeito que não seja desconsiderar a atividade política e cavalgar uma onda populista
e demagógica cujo efeito boomerang se fará sentir, mais tarde ou mais cedo, na qualidade da nossa democracia.
Aplausos do PS.
Não devemos entrar na voragem de ver quem corta mais e mais rápido. Não queremos uma democracia
capturada por populismos!
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: outro ângulo deste debate é o da natureza do financiamento dos
partidos políticos.
O Partido Socialista defende, de forma inequívoca, acompanhando a corrente dominante nas democracias
europeias, o financiamento público dos partidos políticos e da sua atividade. Aliás, esta é uma posição de
esquerda, esta é uma causa da esquerda.
Aplausos do PS.
Queremos partidos políticos fortes, independentes, cujo único compromisso seja com o povo que
representam, não queremos partidos capturados ou «sponsorizados» por interesses económicos.
A este respeito queria fazer uma outra citação: «A lei não pode deixar de garantir que os partidos disponham
dos meios financeiros suficientes e indispensáveis para desempenharem a sua atividade e prosseguirem os fins
para que foram criados, (…) pelo que deve caber essencialmente ao Estado assegurar a dotação dos seus
recursos financeiros». O autor desta afirmação, com a qual concordo plenamente, é o Sr. Deputado Luís
Montenegro. Espero que não tenha mudado de opinião, a bem da democracia.
Aplausos do PS.
Gostava de concluir com o seguinte: dar meios, nomeadamente um meio como o financiamento público, é
permitir aos partidos que se reinventem e continuem a aprofundar a nossa democracia, que lutem
incansavelmente contra o sentimento de que os mesmos não são mais do que caixas vazias.
Resista-se ao populismo vesgo! Ouse-se continuar a acreditar que os partidos políticos são espaços de
agrupamento, de associação e, sobretudo, que a democracia tem um preço!
Termino dizendo, como nos ensina Adenauer, que todo o partido existe para o povo e não para si mesmo.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Queria, talvez, fazer um
primeiro comentário dizendo que aqueles que diabolizam os partidos políticos, de uma forma ou de outra, não
prestam um bom serviço à democracia.
Acho, inclusivamente, estranho que alguns partidos, ao longo da sua história, se olharem para trás e até para
o presente, tenham tido afincadamente esse objetivo de diabolizar, de descredibilizar os partidos políticos por
serem partidos políticos. Isso talvez conte alguma coisa das intenções, dos objetivos desses próprios partidos
políticos.
Mas acho que hoje foi repetidamente dito que os partidos são fundamentais à democracia. Efetivamente, não
é possível pensar na democracia sem partidos políticos. Acho que este é um bom ponto de partida para o debate
que aqui se está a fazer.
Há uma segunda observação que deve ser feita: os partidos políticos são amplamente escrutinados, ao
contrário do que muitas pessoas demagogicamente dizem.