I SÉRIE — NÚMERO 20
14
1% em relação à inflação e representam, sim, uma penalização, representam, sim, um agravamento da vida
destas pessoas. Como é possível que partidos que há menos de dois anos propunham aumentos de 25% e
agora, simplesmente, se silenciem e, confrontados com esta penalização dos mais pobres, pareçam satisfeitos?
Devo dizer-lhe, Sr. Ministro, que não nos surpreende. Na verdade, o Sr. Ministro é a cara da inversão da rota
do combate à pobreza. O Sr. Ministro foi responsável, em 2009, pela inversão do ciclo da desigualdade em
Portugal. Não sou eu quem o diz, é o estudo que tantas vezes é citado, mas que é pouco lido, da Fundação
Francisco Manuel dos Santos. Leia, na página 14 o seguinte: Um «aspeto relevante é a quebra, pós-2010,…»
— que, na verdade, começou em 2009 — «… do ciclo descendente da desigualdade que se registava desde o
início do século.»
O Sr. Ministro é a cara do aumento da desigualdade, do abandono do combate à pobreza, e é isso que faz
de novo, sem ter a coragem de atualizar as pensões mínimas das mínimas e fazê-las acompanhar do aumento
que propõe para as outras pensões!
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Diana Ferreira, do Grupo
Parlamentar do PCP.
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, Sr. Ministro,
sobre a discussão deste Orçamento do Estado, e apesar das insuficiências e das limitações que este Orçamento
tem e que o PCP também já identificou, importa dizer que, pela primeira vez em sete anos — e volto a repetir,
pela primeira vez em sete anos —, não estamos a discutir cortes nas pensões, não estamos a discutir
congelamentos nas pensões, estamos a discutir aumentos.
Aplausos do PCP.
Estamos a discutir uma proposta de aumento real das pensões e em que condições serão feitos esses
aumentos.
Esta é uma proposta que resulta da intervenção contínua e empenhada do PCP. Mesmo quando estivemos
sozinhos a defender o aumento extraordinário de 10 €, não nos contentámos com o descongelamento do
mecanismo legal de atualização das pensões. Interviemos e apresentámos uma proposta de aumento de 10 €,
na defesa do aumento real das pensões e das reformas com vista à recuperação do poder de compra perdido
pelos reformados e pelos pensionistas.
O PSD e o CDS querem tentar convencer-nos — e voltaram a fazê-lo no debate de hoje — de que os cortes
que fizeram durante quatro anos são melhores e mais justos do que os aumentos efetivos que vão ter 98% das
pensões e do que o aumento extraordinário de 10 € que está garantido, só com esta proposta do Orçamento do
Estado, a 85% das pensões.
Vozes do PCP: — Exatamente!
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — O PSD e o CDS querem fazer crer que impor cortes e congelamentos nas
reformas e nas pensões é uma solução melhor do que discutir aumentos, querem fazer crer que quando estavam
no Governo é que as pensões e as reformas eram devidamente respeitadas quando, na verdade, ignoraram e
desrespeitaram as carreiras contributivas de milhares de reformados e de pensionistas,…
Vozes do PCP: — Exatamente!
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — … congelaram e cortaram pensões a centenas de milhares de pensionistas,
além de terem o claro objetivo de fragilização e de desvalorização do sistema público da segurança social.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!