I SÉRIE — NÚMERO 20
20
O Sr. JorgeFalcatoSimões (BE): — Sr. Presidente, Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança
Social, é de registar e de saudar uma clara diferença de paradigma nas políticas para a deficiência entre as que
foram desenvolvidas por este Governo e as que foram desenvolvidas pelo Governo interior. Os projetos-piloto
no âmbito da Vida Independente e a chamada prestação única são prova disso.
Também é um bom sinal a intenção de aumentar novamente o subsídio de assistência por terceira pessoa e
a bonificação por deficiência no abono de família.
Estamos a caminhar na direção certa, estamos no bom caminho, mas estamos, na nossa opinião, a caminhar
demasiado lentamente. A comunidade das pessoas com deficiência esperava mais.
Os projetos-piloto no âmbito da Vida Independente, cuja concretização já se encontrava prevista no
Orçamento para este ano, só deverão ver a luz do dia no próximo ano.
A prestação única, com a qual estamos completamente de acordo nos seus pressupostos, ao prever uma
componente de cidadania, outra de combate à pobreza e ainda outra para compensar despesas específicas, só
verá, de acordo com esta proposta de Orçamento, uma primeira fase executada no final do próximo ano,
prevendo-se uma implementação gradual até 2019. Achamos que é tempo demais.
Neste ano que está a terminar, as pessoas com deficiência ficaram esquecidas, tal como o Sr. Ministro
admitiu quando discutimos o Orçamento em fevereiro.
O subsídio mensal vitalício, que não era aumentado desde 2009, teve um aumento de 7 cêntimos, graças à
atualização do complemento extraordinário de solidariedade, e a pensão social de invalidez teve um aumento
de 88 cêntimos.
Estas pessoas vão continuar esquecidas até outubro ou novembro do próximo ano, quando está previsto um
aumento extraordinário para a maioria das pensões em agosto?
Não está certo obrigar quem teve de continuar, este ano, a viver com pensões miseráveis — estas, sim, são
as dos mais pobres dos pobres —, a viver mais um ano assim.
O Sr. Ministro, várias vezes, afirmou que iria colocar as pessoas com deficiência acima do patamar do limiar
de pobreza, criando uma enorme expectativa às pessoas com deficiência e às suas famílias.
Tendo em conta o faseamento previsto da implementação da prestação única até 2019, o que as pessoas
com deficiência querem saber é o seguinte: quando é que este objetivo será atingido? Quando é que sairão da
condição de pobreza extrema em que se encontram e terão um rendimento digno?
Entretanto, também querem saber o seguinte: qual será o montante da prestação única em 2017? De quanto
será o aumento do subsídio de assistência por terceira pessoa e a bonificação por deficiência do abono de
família?
São estas as perguntas que lhe deixo, Sr. Ministro, porque são as respostas a estas perguntas que as
pessoas com deficiência querem ouvir.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada
Rita Rato.
A Sr.ª RitaRato (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, nos
últimos anos, e sobretudo nos últimos quatro anos de Governo do PSD e do CDS, a precariedade foi promovida
e vendida como uma grande modernidade, quando, na verdade, se trata de um grande atraso.
O discurso que faziam era o de que «mais vale um estágio que nada» e «mais vale a precariedade que o
desemprego», e tal era bem revelador do projeto que o PSD e o CDS tinham para o País: retrocesso, pobreza
e emigração.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Uma vergonha!
A Sr.ª RitaRato (PCP): — Por isso mesmo, no público e no privado a precariedade passou de exceção a
regra: uso abusivo de contratos a prazo, trabalho temporário, falsos recibos verdes, estágios, bolsas, contratos
emprego-inserção.