5 DE NOVEMBRO DE 2016
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São milhares de trabalhadores que respondem a necessidades permanentes dos serviços públicos e das
empresas mas que não têm um contrato efetivo, têm menos salário e têm menos direitos.
Esta opção traduz, com muita clareza, o objetivo político do PSD e do CDS: substituir trabalhadores com
direitos por trabalhadores sem direitos. E esta é uma marca de sempre de PSD e CDS.
Durante anos, propusemos o levantamento de todas as situações de precariedade na Administração Pública
e, durante anos, o PSD e o CDS chumbaram essa proposta.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Bem lembrado!
A Sr.ª RitaRato (PCP): — Durante anos, propusemos o reforço de inspetores da Autoridade para as
Condições de Trabalho e, durante anos, o PSD e o CDS chumbaram essa necessidade.
O Sr. FilipeAnacoretaCorreia (CDS-PP): — E os resultados?
A Sr.ª RitaRato (PCP): — Mais: lembramo-nos bem quando perseguiam com ameaça e execução de
penhora os trabalhadores independentes e quando alteraram as leis laborais para generalizar a precariedade e
impor a instabilidade na vida das pessoas, como se fosse o ar que se respira.
Sr. Ministro, sobre estas matérias queremos colocar-lhe duas questões.
A primeira questão é relativa à necessidade do levantamento das situações de precariedade na
Administração Pública ser um ponto de partida e não um ponto de chegada, para que a esse levantamento
corresponda a uma contratação efetiva dos trabalhadores que respondem a necessidades permanentes nas
escolas, nos centros de saúde, nos hospitais e no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), pois
sabemos que no IEFP existem situações deste tipo, como noutros ministérios.
Não há serviços públicos de qualidade sem trabalhadores com direitos e estabilidade e, por isso mesmo, o
Estado tem a obrigação de dar o exemplo neste objetivo.
A segunda questão que lhe queremos colocar, Sr. Ministro, prende-se com os trabalhadores independentes
e, desde logo, queremos dizer que é muito importante separar o trigo do joio. É preciso dizer que falsos recibos
verdes são uma ilegalidade e uma situação que deve ser convertida em contratos de trabalho com direitos, e
para tal a Autoridade para as Condições do Trabalho deve ter os meios necessários.
Verdadeiros trabalhadores independentes devem ter um regime de contribuições à segurança social mais
justo, considerando os seus rendimentos reais, garantindo a proteção social adequada, e essa é uma questão
importante.
Assumir este compromisso no Orçamento do Estado é importante; concretizá-lo, na prática, será
determinante. Por isso, o PCP continuará a bater-se por soluções neste âmbito.
Sr. Ministro, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: A precariedade não serve os trabalhadores nem
serve o País. Não é possível combater o desemprego sem combater a precariedade e, para isso, é necessário
garantir que a um posto de trabalho permanente corresponda sempre um vínculo efetivo, porque o emprego
com direitos é condição obrigatória para o desenvolvimento do País.
Este é um combate central da democracia e nós não desistimos desse objetivo.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — O último pedido de esclarecimento ao Sr. Ministro Vieira da
Silva será feito pela Sr.ª Deputada Isabel Pires, a quem dou a palavra.
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Ministro, se há área governamental
que a direita que nos governou durante quatro anos mais destruiu foi a do ministério do trabalho e da segurança
social. Desmancharam o Código do Trabalho, cortaram pensões, cortaram salários, congelaram carreiras,
limitaram o abono de família, enfim…
Durante esses quatro anos de Governo assistimos a uma desvalorização da contratação coletiva tal que o
número de trabalhadores abrangidos passou de quase 2 milhões para cerca de 200 000; houve uma acentuada
desvalorização salarial, direta e indireta, que levou ao aumento de pobreza entre quem trabalha, mas também