I SÉRIE — NÚMERO 20
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O Bloco de Esquerda, neste Orçamento, e ficou demonstrado neste debate, na generalidade, é um partido
que está à venda. Vende-se por um naco de poder e vende-se por um preço cada vez mais baixo, e essa é uma
realidade insofismável, Sr. Deputado.
Por isso, a grande conclusão deste debate, na generalidade, e, já agora, da sua alocução em tempo de
desconversa que nos ofereceu, é que o Bloco de Esquerda, hoje, não passa de um anexo situado nas traseiras
do Partido Socialista,…
Protestos do PS e do BE.
… que abdicou por completo daquilo que vinha defendendo de há uns anos a esta parte e que, Sr. Deputado,
e com isto termino, no fim desta aventura da geringonça para o Bloco de Esquerda e não só, tenho a certeza
absoluta, parafraseando novamente o já citado treinador de futebol, não serão «bocejados pela sorte», com toda
a certeza.
Risos e aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado José Manuel
Pureza.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Carlos Abreu Amorim, muito rapidamente,
queria dar alguma resposta à pergunta que me colocou, dizendo, desde logo, que percebo bem o seu receio de
que a direita deixe de ser anexo e passe a pertencer ao índice remissivo da história da democracia portuguesa.
Cá estaremos para obrigar a que assim seja, com certeza.
Mas, deste ponto de vista, também não queria passar ao lado de uma alusão que o Sr. Deputado fez a
propósito de quem é que se vende.
Nessa matéria, há uma coisa que pode ter por certa: é que o Bloco de Esquerda está aqui para defender
aqueles que é necessário defender de uma agressão social como aquela que os senhores praticaram e, por
isso, não nos venderemos a interesses — essa matéria deixamos para outros.
Mas, já agora, Sr. Deputado, não posso deixar de lhe dizer outra coisa. Na verdade, a sua alusão à gíria
futebolística leva-me a considerar que o PSD arrisca seriamente fazer aqui o papel que fazem os treinadores de
futebol quando estão a perder 3-0, dizendo sempre: «nós perdemos mas tivemos uma enorme atitude». Acho
que é exatamente isso que caracteriza hoje o PSD.
Aplausos do BE e de Deputados do PS.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para uma intervenção, em nome do PSD, tem a palavra a Sr.ª
Deputada Maria Luís Albuquerque.
A Sr.ª Maria Luís Albuquerque (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: A
política de um Governo não se esgota na preparação de uma proposta de Orçamento do Estado mas diz muito
sobre as opções políticas de quem tem a responsabilidade de a preparar.
Um Orçamento do Estado permite ver se a maior preocupação de um Governo é o presente ou o futuro, se
privilegia a sua base de apoio ou a sociedade no seu todo, se acredita mais no Estado ou na iniciativa privada
para criar riqueza e qual o preço que está disposto a pagar pelas escolhas que faz.
O documento em si diz-nos muito, pela informação que contém e pela que omite, pela forma como sustenta
previsões e pela mensagem que passa para os agentes económicos.
A proposta de Orçamento que estamos a discutir é já a segunda da atual maioria e se se distingue da
primeira, infelizmente, não é para melhor. O cenário macroeconómico apresentado é mais contido, já expurgado
de previsões delirantes de crescimento assente na dinâmica do consumo das famílias e do investimento público.
Com isso, poderíamos ser levados a acreditar que o Governo tinha percebido que o seu modelo económico
falhou em 2016 e que tinha decidido corrigir o rumo. Claro que, quando olhamos para além do cenário e para
as medidas concretas, percebemos que, infelizmente, não é o caso. A aparente humildade nas previsões