I SÉRIE — NÚMERO 20
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desigualdades sociais, cortou pensões e salários, encerrou serviços de proximidade, distanciou ainda mais o
interior do litoral, parou obras estruturantes também para o meu distrito, como o túnel do Marão, os portugueses
sentiram medo, insegurança no futuro e a muitos só restou a alternativa de emigrar.
Enfim, fugia-se de um País que maltratava os jovens e os menos jovens. No meio rural, como nos grandes
centros, viveu-se a total ausência de esperança, de motivação para ir à luta e de acreditar que era possível
caminhar.
O caminho era feito, como diziam repetidamente, com mais austeridade, com mais dificuldade, à custa dos
mais desfavorecidos. Enfim, anunciava-se que ou era assim ou era assim! Culpava-se a Europa, o FMI (Fundo
Monetário Internacional) e o Governo anterior. A troica passou a fazer parte das nossas rotinas. Empresas a
encerrar, empresários e trabalhadores no desemprego, pais e avós a sustentar filhos e netos. Estávamos num
beco sem saída.
Quem viveu no País real, o que não me parece ser o caso dos Srs. Deputados das bancadas do PSD e do
CDS, muitos membros do Governo de então, não entende, por muito que se esforce, o que já foi dito sobre este
Orçamento do Estado e sobre as políticas públicas setoriais inscritas nos diferentes programas ministeriais.
Não se entende o ataque cerrado à estratégia de crescimento e consolidação orçamental, às políticas de
promoção de emprego, às políticas de coesão territorial, finalmente inscritas num programa nacional com
objetivos mensuráveis e medidas concretas.
Não se entende a ofensiva contra o que se percebe ser uma recuperação de confiança das famílias, uma
melhoria das condições de vida, um investimento na qualificação das pessoas, na qualidade de vida e nos apoios
sociais.
Não se entende como se perde, com a atual sede de poder desta direita, o discernimento entre o caminho
do medo e a estagnação e o percurso de conquista e de reconquista de confiança e esperança no futuro.
Vozes do PS: — Muito bem!
A Sr.ª JúliaRodrigues (PS): — Não se entende como se censura o esforço que tem sido feito por este
Governo para cobrir verdadeiros buracos negros, só agora conhecidos, mas nunca orçamentados. Falo, por
exemplo, do buraco de 200 milhões de euros no Programa de Desenvolvimento Rural 2020 que gastou, em
meses, a dotação orçamental de anos, em medidas agroambientais. Sim, foi esta a herança da ex-Ministra
Assunção Cristas, atual líder do CDS-PP.
A coragem deste Governo mistura-se agora com o azedume das bancadas do PSD e do CDS que, espantem-
se, parecem querer que o País se volte a afundar.
Todos sabemos que o caminho não é fácil, é rigoroso, exigente e requer o trabalho de todos os portugueses.
Mas é também igualitário nos direitos, equitativo nas obrigações fiscais e justo, equilibrando os esforços e
restituindo apoios sociais a quem mais precisa.
Trata-se de justiça, Srs. Deputados, pilar fundamental da nossa democracia. Trata-se de justiça social, de
justiça económica, mas também de justiça territorial.
Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro e restantes Membros do Governo, na área das prioridades
políticas deste Governo, a agricultura, a floresta, o desenvolvimento rural e o mar constituem eixos fundamentais
de desenvolvimento sustentável do nosso crescimento económico.
A primeira nota de realce é, sem dúvida, o aumento dos orçamentos do Ministério da Agricultura e também
do Ministério do Mar, que vem sustentar a aposta política do Governo na valorização do território como um pilar
da coesão nacional e do desenvolvimento social e cultural do território nacional.
Podemos aqui destacar a garantia da operacionalização dos fundos comunitários de apoio (Mar 2020),
duplicando o peso da economia do mar no PIB nacional, e a garantia da competitividade e da sustentabilidade
do setor agroindustrial e florestal.
Este Governo do Partido Socialista, com o apoio parlamentar do Bloco de Esquerda, do PCP e de Os Verdes,
apresenta à Assembleia da República um Orçamento do Estado que cumpre o Programa de Governo, o
Programa Nacional de Reformas, as regras europeias e a Constituição da República.
Em contraponto com o Governo do PSD/CDS, nestes 11 meses o atual Governo desenvolveu o País e
devolveu a esperança e a confiança aos portugueses; equilibraram-se as desigualdades sociais; repuseram-se
pensões e salários; reabriram-se serviços de proximidade; finalmente, encurtaram-se distâncias e barreiras entre