25 DE NOVEMBRO DE 2016
49
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): —… no sentido de as suas contribuições serem de acordo com os
rendimentos efetivamente auferidos. E não só não o fez como apresenta agora uma autorização legislativa para
alterar este regime contributivo. No entanto, não sabemos o que vai alterar, nem quando, nem como!
A Sr.ª Maria das Mercês Soares (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Disse hoje o Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares,
nesta Câmara, que este Governo valoriza o Parlamento. Isto é valorizar o Parlamento? Fugir ao debate de uma
matéria tão importante, complexa e delicada, como é o regime contributivo dos trabalhadores independentes,
na Assembleia da República não é valorizar a Assembleia, é fugir ao debate sério e importante que é!
Por isso, Sr.as e Srs. Deputados, estaremos muito atentos a tudo aquilo que vier a ser feito, no que diz respeito
aos trabalhadores independentes e ao seu regime contributivo, porque não permitiremos nunca que seja posto
em causa o equilíbrio entre a relação que existe entre os trabalhadores e a segurança social e a necessidade
de garantir a sua sustentabilidade, sempre numa lógica de justiça social.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra a Sr.ª Secretária de Estado da Segurança Social.
A Sr.ª Secretária de Estado da Segurança Social: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, sobre esta
última intervenção da Sr.ª Deputada Clara Marques Mendes, não posso deixar de ficar um pouco admirada
sobre a última frase que disse, relativamente aos trabalhadores independentes: «é necessário garantir a
sustentabilidade do sistema de segurança social».
Do Orçamento do Estado para 2014 constaram duas normas em que seguramente a sustentabilidade da
segurança social foi a última das preocupações.
Aplausos do PS.
Protestos do PSD.
Mas não foi só a sustentabilidade da segurança social que foi a última das preocupações, foi também a
segurança dos trabalhadores independentes, na constituição da sua proteção social.
Senão, vejamos: temos 60% de trabalhadores independentes no escalão zero, que deveria ser um escalão
extraordinário e é um escalão que não protege os trabalhadores independentes. A diminuição de receitas de
contribuições para a segurança social com essa norma que os senhores introduziram no Orçamento do Estado
para 2014, sobre os impactos da qual foram questionados e não responderam, é de facto muito gravosa, quer
para a sustentabilidade da segurança social, quer para a proteção social dos trabalhadores independentes.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Bem sei que custa, mas não foi assim há tanto tempo e os seus impactos e efeitos sentem-se ainda hoje.
Mas sim, Sr.ª Deputada Isabel Pires, é muito importante fazermos esta alteração no regime dos trabalhadores
independentes, pois é uma alteração que permitirá que estes trabalhadores paguem as suas contribuições tendo
em conta os seus rendimentos relevantes mais recentes. Esta é, seguramente, uma das principais alterações.
Portanto, é em conjunto que o faremos, de acordo com as normas detalhadas que constam desta autorização
legislativa.
Aplausos do PS.