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2 DE DEZEMBRO DE 2016

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Lembro-me bem da alegria que ambos me transmitiram ao ver como Espanha e Portugal compassavam a

sua nova vida democrática, o seu projeto europeu e a sua vocação ibero-americana, sentimento que continuo a

partilhar com enorme convicção.

Por isso, é profundo, Sr. Presidente, o meu agradecimento pelas suas generosas palavras de boas-vindas e

a minha gratidão pelo seu acolhimento hospitaleiro.

Com a Rainha, guardo também, de forma muito especial e agradecida, a viva imagem de umas jornadas

muito profícuas em Lisboa, no Porto e em Guimarães e aguardamos com entusiasmo os encontros e atividades

que esta visita ainda nos reserva. Tudo isto, estou certo, ficará sempre num lugar muito especial da nossa

memória.

Perante esta Assembleia, quero agradecer solenemente ao Ex.mo Sr. Presidente da República, Prof. Dr.

Marcelo Rebelo de Sousa, o seu convite, o seu afeto, a sua constante atenção à Rainha e à minha pessoa, a

sua sensibilidade e amizade para com Espanha.

Srs. Deputados: Se uma lei antiga manda deixar fora da própria casa as preocupações do mundo, essa

norma inverte-se na casa da soberania nacional.

Com efeito, bem sei que é, simultaneamente, um direito e uma obrigação trazer ao Parlamento as

inquietações, as iniciativas e os anseios dos cidadãos, para, entre todos, mediante o debate e o acordo, procurar

a melhor das respostas no âmbito do bem comum.

No meu caso, poucos gestos me são mais gratos do que os que permitem que me associe às ideias do dever

e da procura do bem comum, que são as que encarnam todas as pessoas que ocupam os assentos nesta

Câmara. Estou, além disso, ciente de que nada que interesse aos vossos compatriotas vos é alheio e, por isso,

tudo o que os preocupa e entusiasma preenche, todos os dias, as vossas tarefas parlamentares presididas —

naturalmente, com legítima discrepância — por uma mesma vontade de acertar.

Muito provavelmente concordamos com que, como em poucos momentos da nossa história, os assuntos que

se debatem nos Parlamentos de Portugal e de Espanha versam sobre questões análogas.

Assim, Sr. Presidente e Srs. Deputados, de entre essas questões, gostaria de sublinhar as que têm a ver

com o nosso lugar no mundo e que tanto Portugal como Espanha consideram como forças partilhadas.

A nossa primeira aspiração, como espanhóis e portugueses, é a de continuar a ser e a construir

vigorosamente a Europa. A Europa é o nosso berço e o nosso destino comum. Ambos os países comemoram

este ano de 2016 o trigésimo aniversário da nossa adesão simultânea à então Comunidade Económica

Europeia, após a recuperação das liberdades e a aprovação de ambas as Constituições, base da nossa

respetiva convivência e concórdia em democracia e em liberdade.

Os dois países uniram-se então a um projeto europeu de paz, de reconciliação e de fraternidade, um projeto

assente nos pilares da democracia e nos direitos humanos.

Voltamos aos caminhos — aos da Europa — pelos quais as pessoas, os bens, os serviços e os capitais

circulam com a mesma liberdade que no interior de um Estado-membro. Graças precisamente a essa liberdade,

a magnitude das relações entre os parceiros europeus e os dados das relações bilaterais entre Portugal e

Espanha crescem de ano para ano.

Para ambos os países, a incorporação no projeto de integração europeu pôs em marcha um dos motores

que mais promoveram o nosso progresso económico e desenvolvimento social. Com a integração na Europa,

ambas as nações contribuíram para que os nossos parceiros comunitários valorizassem a importância de

estreitar os vínculos com a Ibero-América, com os países africanos de língua portuguesa e com alguns do

Extremo Oriente, mas, ao mesmo tempo, próximos da história peninsular.

Portugal e Espanha mantêm contactos permanentes para defender posições e interesses frequentemente

convergentes relativamente ao cumprimento de numerosas políticas comunitárias. A concertação e a

fraternidade ibéricas servem-nos para adiantar os nossos respetivos interesses no seio da União e para nos

apoiarmos solidariamente em momentos de dificuldade.

Quanto melhor estiver a Europa, melhor estarão Portugal e Espanha. Quanto melhor estiverem Espanha e

Portugal, melhor caminhará a Europa.

Outro dos nossos pontos fortes mútuos reside na nossa dimensão atlântica, que nos une, na OTAN/NATO,

a outros 26 países, com o objetivo de «salvaguardar a liberdade e a segurança dos seus membros». Quanto

mais livre e mais seguro for o mundo, melhor estarão Espanha e Portugal.