I SÉRIE — NÚMERO 30
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comissões administrativas dos municípios e freguesias, num intenso e fecundo trabalho realizado com uma
ampla participação popular.
O poder local democrático afirmou-se, operando profundas transformações na dimensão económica, social
e cultural, com a fundamental intervenção na melhoria das condições de vida das populações e superando
enormes carências, incluindo na resolução de problemas que excedem em larga medida as suas competências.
Ao longo destes 40 anos o poder local não teve vida fácil, o questionamento e limitação à sua autonomia e
a elementos essenciais que o caracterizam foi uma realidade, a regionalização está ainda por concretizar apesar
de consagrada na Constituição, consecutivas alterações ao regime jurídico e financeiro das autarquias locais
criaram dificuldades e ultimamente o contestado processo de extinção e fusão de freguesias amputou a sua
dimensão.
As comemorações dos 40 anos das primeiras eleições autárquicas devem ser um momento para afirmar a
importância e o papel do poder local democrático e o que representa como espaço de afirmação e realização
de direitos e aspirações populares.
Um momento de convergência e unidade dos democratas, em defesa do poder local democrático e dos
valores de Abril, consagrados na Constituição da República.
A Assembleia da República saúda a realização das primeiras eleições autárquicas, o poder local democrático,
os eleitos, as populações e suas organizações, responsáveis pelas transformações económicas, sociais e
culturais ao longo destes 40 anos, e entende que as autarquias devem ser dotadas, em respeito pela sua
autonomia, dos meios para responder às necessidades e anseios das populações e do desenvolvimento local.»
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar o voto que acabou de ser lido.
Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PS, do BE, do CDS-PP, do PCP, de Os Verdes e
do PAN e a abstenção do PSD.
Passamos ao voto n.º 175/XIII (2.ª) — De saudação pelo 40.º aniversário do poder local democrático (BE e
1 Deputado do PS).
Peço ao Sr. Secretário Moisés Ferreira que proceda à leitura do voto.
O Sr. Secretário (Moisés Ferreira): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o voto é do seguinte teor:
«A 12 de dezembro de 1976, realizaram-se as primeiras eleições livres e democráticas para os órgãos das
autarquias locais, após 50 anos de interrupção.
A autonomia do poder local foi amplamente reconhecida pela Constituição da República Portuguesa de 2 de
abril de 1976, erigindo-a como elemento estrutural da ordem constitucional portuguesa.
Desde então o poder local tem sido um importante veículo para o desenvolvimento e a democratização,
muitas vezes com soluções inovadoras e adotadas posteriormente pelo próprio poder central, como é o caso do
orçamento participativo.
O poder local democrático é uma das mais relevantes transformações democráticas que surgiram com a
Revolução de abril. É amplamente participado, plural, colegial, democrático e dotado de autonomia
administrativa e financeira.
O poder local democrático afirmou-se ao longo de quatro décadas, operando profundas transformações
sociais, melhorando as condições de vida das populações e solucionando graves carências.
Ao celebrar o poder local democrático é tempo de promover a participação das cidadãs e dos cidadãos nas
decisões autárquicas através dos diversos mecanismos de democracia deliberativa e de democracia
participativa.
As eleições autárquicas, cuja primeira data de realização no quadro da Constituição de 1976 hoje se evoca,
representam a maior participação política das populações, seja pelo mais elevado número de participantes como
candidatos, seja pelas menores taxas de abstenção. Representam também a maior participação pela extensão
da capacidade eleitoral ativa e passiva a milhares de cidadãos estrangeiros que por esta via se integram no País
e nas respetivas comunidades locais.