6 DE JANEIRO DE 2017
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O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Carla Cruz.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado António Sales, agradeço a questão que me colocou
e, obviamente, não posso deixar de dizer, concordando com o Sr. Deputado, que os problemas a que hoje se
assiste e que persistem no SNS não são de hoje, não são de ontem, são de opções políticas de sucessivos
governos, que foram agravadas pelas opções políticas e ideológicas que o PSD e o CDS-PP tomaram nos
quatro anos em que estiveram no Governo.
Esta situação gravosa tornou o SNS mais enfraquecido: não esquecemos da promoção dos encerramentos
dos serviços de proximidade, designadamente até no interior; não esquecemos a violação e os ataques cerrados
que fizeram aos utentes com o aumento brutal das taxas moderadoras e que dificultaram o acesso aos cuidados
de saúde; e também não esquecemos a alteração que fizeram ao transporte não urgente de doentes, o que
levou a que muitos doentes ficassem sem tratamento, sem consultas e sem realizar exames.
Apesar de valorizarmos as medidas positivas que têm sido tomadas ao longo deste último ano — a
contratação de profissionais, a redução das taxas moderadoras, a reabertura de camas e de serviços que
estavam encerrados —, continuamos a dizer que é preciso ir mais longe. É preciso, de facto, que haja uma
vontade clara de começar a concretizar os instrumentos legais que estão à disposição e que estão inclusive hoje
em vigor devido à aprovação do Orçamento do Estado para 2017, para reforçarmos a resposta pública, para
devolvermos e continuarmos a devolver e a aprofundar os direitos dos trabalhadores e para reforçarmos o
Serviço Nacional de Saúde.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr.ª Deputada, peço-lhe que termine.
A Sr.ª CarlaCruz (PCP): — Termino, Sr. Presidente.
Sr. Deputado António Sales, permita-me que lhe diga que o PCP rejeitou no passado as PPP, rejeita no
presente as PPP e irá continuar a rejeitar as PPP, porque o Serviço Nacional de Saúde geral, universal e gratuito
só será integralmente cumprido com uma gestão pública com financiamento adequado, com profissionais em
número adequado e com um investimento necessário.
É para isto que trabalhamos e são estas as propostas que apresentamos todos os dias.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para uma declaração política, tem a palavra a Sr.ª Deputada
Heloísa Apolónia.
A Sr.ª HeloísaApolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Mais uma vez, Os Verdes
sobem à tribuna para falar sobre a central nuclear de Almaraz e, infelizmente, como todas as Sr.as e Srs.
Deputados sabem, por más razões.
Relembramos que o primeiro reator nuclear entrou em funcionamento em 1981 e o segundo em 1983. Foi
uma central nuclear construída nos anos 70 e é hoje a central nuclear mais antiga de Espanha.
O seu tempo útil de vida expirou em 2010. Porém, o Governo espanhol tem prolongado o seu período de
funcionamento até 2020, mas, como sabemos, a perspetiva é a de que esse período possa ainda vir a ser
alargado por vontade do Governo espanhol.
Esta central nuclear é absolutamente obsoleta. E, como é do conhecimento público, tem tido diversos
problemas e incidentes, que foram registados nos últimos tempos mas não apenas dos últimos tempos, também
têm acontecido ao longo dos anos, e representa um sério risco e, por isso, deve constituir uma profunda
preocupação, quer por parte das populações, quer por parte das instituições que as representam.
Ocorre, Sr.as e Srs. Deputados, que o Governo espanhol decidiu uma pretensa construção de um armazém
de resíduos nucleares para servir a central nuclear de Almaraz. Este facto, por si só, representa ou revela o
empenho do Governo espanhol em prolongar ainda mais o período de funcionamento da central nuclear de
Almaraz por mais 20 anos, pelo menos.
No entanto, o Governo espanhol decidiu a construção deste armazém de resíduos nucleares ignorando
completamente o Governo português e a população portuguesa.