I SÉRIE — NÚMERO 37
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a Espanha, estava há um ano a 1,7% e hoje está a 1,5%; para a Irlanda, estava a 1,026% e agora está a 0,916%,
menos, pagam menos;…
Vozes do PSD: — Ora bem!
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — … para Portugal, estava a 2,63% e passou para 4,03%, mais. Portanto,
não nos venham dizer que isto acontece para todos. Não, acontece mais para Portugal. E se acontece mais
para Portugal, Sr.ª Deputada, tenho de fazer a pergunta: será que a conjuntura interna, as orientações erradas
de política orçamental, a perceção que os nossos credores têm daqueles que são os erros de gestão, da queda
do investimento…
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — … e da queda do crescimento económico, face a 2015, não são os grandes
responsáveis por este aumento do juro? Pela fatura que todos vamos pagar? Infelizmente, isso só mostra a
desorientação do Partido Socialista, porque, como já vimos há uns anos, parece que nada tem a ver com isso,
que é só posterior, quando depois, infelizmente, a fatura recai sobre todos nós, sobre os portugueses.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília
Meireles.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr. Presidente, começo por agradecer ao Sr. Deputado Duarte Pacheco
a questão que colocou e por dizer que, de facto, tem razão quando diz que isto não está a acontecer a todos,
não está a acontecer a todos os países. E não, não está a acontecer da mesma forma que está a acontecer a
Portugal, nem sequer a todos os países periféricos da zona euro. É uma falsidade muitas vezes repetida.
Dou-lhe um número, Sr. Deputado, que me parece particularmente impressivo: o que estava escrito para a
dívida pública de 2016 era 124% e aquilo que até agora conhecemos é que é cerca de 133%. Ao que sabemos,
ela passou, em 2015, de 129% do PIB (produto interno bruto), que é um valor, esse sim, altíssimo, para 133%
do PIB, em 2016. É difícil não entender e não perceber que isto não são apenas números, porque fica um
bocadinho a ideia de que isto é uma coisa que está lá inscrita… Aliás, muitas vezes, ouço discussões que me
parecem curiosas, como, por exemplo: «Ah, mas isto não vai ao défice, vai à dívida!». Dizem-no como se isso
não tivesse nenhum tipo de consequência, como se houvesse uma espécie de saco sem fundo sem nenhum
tipo de consequências onde se pudesse ir buscar dinheiro para custear as decisões que são tomadas. Esse
dinheiro tem um preço: primeiro, é para pagar e, segundo, tem um preço que pagamos todos os anos em juros.
Sr. Deputado, acho que há apenas uma coisa pior do que tomar decisões e, depois, deixar a conta para o
contribuinte pagar, é tomar decisões e deixar a conta para o contribuinte que ainda nem sequer nasceu, e por
isso não tem o direito de escolher, pagar.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Isso é um ato de contrição do CDS? Fica-lhe bem!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — É um encargo que as gerações mais novas não merecem.
Protestos do Deputado do PCP João Oliveira.
Não, Sr. Deputado, o CDS, felizmente, fez parte de um governo, e com orgulho, que em muito abrandou o
ritmo de crescimento da dívida pública. Aquilo que é importante, não para o CDS mas para Portugal, é que o
ritmo de crescimento abrande cada vez mais e a dívida diminua, porque é assim que se resolve o problema.
Mais importante do que qualquer outra discussão é perceber que ela deve diminuir.
Aplausos do CDS-PP.