19 DE JANEIRO DE 2017
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Os Srs. Deputados irão afirmar que a raiz do problema esteve no anterior Governo, mas aí eu deixo-vos
informação precisa: o saldo operacional destas empresas, em 2010, era de 65 milhões de euros negativos; em
2013, era de 22 milhões de euros positivos; em 2015, estas empresas aumentaram em 2% o número de
passageiros transportados e reduziram em 7% os custos operacionais.
O Sr. Heitor Sousa (BE): — As carruagens pararam!
O Sr. Carlos Santos Silva (PSD): — Estranhamente, nesses anos, a CGTP sempre lutou contra todas as
medidas que foram permitindo aliviar a fatura que os contribuintes tinham de pagar e invocaram
permanentemente o interesse dos utentes e o serviço público prestado pela companhia.
Deixo-vos uma reflexão, Srs. Deputados: o que teria sido realizado por estas empresas se tivesse ocorrido
alguma contenção no movimento sindical?
Sr.as e Srs. Deputados, convosco no Governo as coisas mudaram, naturalmente, mas não foi a favor dos
utentes, apesar das greves terem deixado de fazer parte do seu dia a dia. Aos utentes dos transportes públicos
é hoje oferecido um serviço deficiente e medíocre e não só nos dias de greve, é todos os dias.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Paulo Correia, do Grupo
Parlamentar do PS.
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: se hoje estamos a debater
transportes públicos e não transportes privados é porque o Governo do PS, com o apoio desta maioria
parlamentar de esquerda, impediu o desmantelamento do serviço público de transportes.
Aplausos do PS.
O PSD e o CDS, no anterior Governo, lançaram o maior ataque ao serviço público de transportes em Portugal.
A dois meses das eleições legislativas, lançaram sete processos de privatização: tentaram privatizar a TAP,
privatizaram a CP Carga, tentaram privatizar a EMEF, tentaram privatizar a Carris, tentaram privatizar a
Metropolitano de Lisboa, tentaram privatizar a STCP e tentaram lançar novamente a privatização da Metro do
Porto.
No caso dos transportes urbanos do Porto — metro do Porto e STCP — lançaram um ajuste direto — repito,
não foi um concurso, foi um ajuste direto — de 820 milhões de euros, um processo com total falta de
transparência, contra a vontade dos autarcas de todos os partidos, incluindo os partidos e os autarcas de direita
da Área Metropolitana do Porto.
Aplausos do PS.
A estratégia da direita durante quatro anos, de 2011 a 2015, era só uma: degradar o serviço público de
transporte de passageiros — reduzir pessoal, reduzir a frota, reduzir a oferta, reduzir a segurança e aumentar
os tarifários.
O preço dos títulos intermodais nos primeiros 18 meses de mandato do anterior Governo do PSD e do CDS
subiu 20%. Hoje protestam por causa de um aumento de 1,5%, mas nos primeiros 18 meses de mandato do
anterior Governo, aumentaram o preço dos títulos intermodais em 20%!
A estratégia era simples: era deixar as empresas públicas à mão de qualquer privado que quisesse pegar
nelas e fazer lucro.
Vamos a números: a redução da oferta na STCP e na Metro do Porto, entre 2010 e 2015, foi de 24%. Já na
Carris e na Metropolitano de Lisboa a redução da oferta, entre 2010 e 2014, foi de 22%. Entre 2011 e 2015,
Carris, Metropolitano de Lisboa, Transtejo e Soflusa perderam 1000 trabalhadores. Como é possível ter um
serviço de qualidade quando deixam estas empresas, que prestam um serviço público de transporte, perder
1000 trabalhadores?!