I SÉRIE — NÚMERO 41
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Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra o Sr. Deputado João Ramos, do PCP, para formular
perguntas.
O Sr. João Ramos (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Ministro da Saúde, gostava de começar
por voltar a dizer que o PCP rejeita as PPP na saúde, porque elas prejudicam os utentes e os cuidados de
saúde, para servirem os objetivos do lucro dos grandes grupos económicos.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Ora aí está!
O Sr. João Ramos (PCP): — Relativamente aos privados, gostava de lhe dizer, Sr. Ministro, que o senhor
não pode meter no mesmo saco uma pequena farmácia de bairro e uma PPP com um hospital gerido por um
grande grupo económico, em que o esse hospital é apenas mais um meio de acumulação de riqueza, entre
outros.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Exatamente!
O Sr. João Ramos (PCP): — Já agora, gostaria de dizer que, em matéria de dívidas, dificilmente alguma
coisa baterá as dívidas do PSD e do CDS para com a saúde dos portugueses.
Protestos da Deputada do PSD Ângela Guerra.
Em matéria de problemas, para a resolução de problemas do Serviço Nacional de Saúde é fundamental o
envolvimento dos profissionais.
O Sr. Ministro já falou aqui no aumento do número de profissionais e isto acontece depois de, com o Governo
PSD e CDS, o Serviço Nacional de Saúde ter chegado apenas aos 123 000 profissionais. É preciso continuar a
reforçar este número, mas subsistem problemas graves como os que acontecem, por exemplo, no Centro
Hospitalar do Algarve, no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, onde há dificuldades em assegurar
cuidados de saúde de qualidade, ou no Centro Hospitalar do Oeste, onde existem problemas de precariedade.
É preciso valorizar os profissionais de saúde — o Sr. Ministro já fez essa referência. É preciso melhores
vínculos, mais condições para que os profissionais se valorizem profissionalmente e nas carreiras e é preciso
fazer um combate acérrimo à precariedade. As empresas de trabalho temporário são um meio de concretizar
esta precariedade, mas ela existe a diversos níveis.
Gostava de referir, relativamente a algumas categorias profissionais, alguns problemas em concreto. Por
exemplo, nos enfermeiros é preciso arranjar maneira de promover a possibilidade de progressão na carreira, de
valorizar os salários adequando-os aos níveis de formação e uniformizando os salários nos cuidados de saúde
primários. É preciso aplicar as 35 horas a todos os enfermeiros.
Os psicólogos estão impedidos de progressão na carreira e há muitos que há anos que estão na categoria
de estagiários, para além de estarem impedidos de terem mobilidade entre serviços.
Relativamente aos técnicos de diagnóstico e terapêutica, é preciso concretizar a criação das suas carreiras
porque a sua luta tem vindo a demonstrar que estes profissionais são imprescindíveis para o funcionamento do
Serviço Nacional de Saúde.
Quanto aos assistentes profissionais, o fim das carreiras específicas na Administração Pública e o número
reduzido de assistentes operacionais coloca problemas. Alguns serviços não funcionam ou têm dificuldades no
seu funcionamento por falta de assistentes operacionais e, ao nível dos pré-requisitos para a colocação de
assistentes operacionais, nada obsta a que o problema se resolva.
Em relação aos médicos, apesar das entradas que houve, é fundamental fazer uma internalização destes
profissionais.
Sr. Ministro, o que lhe queria perguntar é se estão identificados estes problemas e que medidas serão
tomadas para os resolver.