I SÉRIE — NÚMERO 47
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O Sr. Bruno Dias (PCP): — Como afirmámos no debate do outro dia, no episódio anterior desta farsa do
CDS, estamos perante um «número» trazido por alguém que aparece com o depósito atestado de demagogia e
de hipocrisia política.
Protestos do CDS-PP.
Uma coisa é exigir a correta aplicação dos mecanismos em vigor que determinam o alívio fiscal para os
combustíveis em alta de preços; outra coisa é uma proposta pouco séria que mais não visa senão branquear o
passado desgraçado de quem tanto sacrificou a vida dos portugueses.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Muito bem!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Queremos aqui recordar que foi aprovada na Assembleia da República uma
proposta do PCP no sentido de alargar o apoio em sede fiscal para preços mais favoráveis nos combustíveis,
em particular aos setores produtivos e ao setor dos transportes.
Aliás, estas propostas foram aprovadas na Assembleia da República, estão em Diário da Assembleia da
República e o que importa é concretizá-las o quanto antes, pois têm um impacto significativo na economia real
e nas micro e pequenas e médias empresas.
Queremos também recordar que podíamos ter ido mais longe relativamente à poupança nos custos dos
combustíveis, nomeadamente na incorporação de biocombustíveis, que o PCP propunha que fossemos mais
longe, proposta esta que foi chumbada — aliás, o CDS também votou contra —, mas que era mais uma medida
que poderia ter contribuído não fosse, repito, o voto contra do CDS, e há bem pouco tempo.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Bem lembrado!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Finalmente, é curioso que o CDS, que tanto fala dos preços finais e do ISP,
nunca fale dos lucros das petrolíferas, porque as petrolíferas foram, seguramente, dos que mais beneficiaram
com a crise e com os sacrifícios das populações e das micro e pequenas e médias empresas, desde logo, dada
a total falta de controlo dos preços dos combustíveis no nosso País.
Os lucros da Galp, entre 2013 e 2015, mais que duplicaram, de 310 milhões para 639 milhões de euros, e a
imensa maioria dos dividendos foram entregues aos acionistas da Galp, que, para não variar, fugiram ao
pagamento dos impostos em Portugal através de empresas sediadas na Holanda. É este o resultado das
políticas de privatização e liberalização.
Assim, reafirmamos que é politicamente significativo que estes partidos continuem a ignorar
sistematicamente esta realidade para a qual contribuíram de forma decisiva com as políticas que assumiram ao
longo dos anos, porque aquilo que acontece é que os grupos económicos, que alcançaram lucros de milhões
com os sacrifícios das pessoas, continuam incólumes no debate político e na demagogia que estes partidos,
como o CDS, mais uma vez, trazem à Assembleia da República.
Aplausos do PCP e de os Verdes.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra o Sr. Deputado Heitor Sousa, do Grupo
Parlamentar do BE.
O Sr. Heitor Sousa (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Esta questão suscitada pelos Deputados
do CDS, em particular pelo Deputado Pedro Mota Soares, é a prova de que o CDS é um partido que tem algum
problema com a memória, sobretudo com a memória da sua ação governativa, pois sobre esta matéria já teve
ocasião de demonstrar aqui, à Assembleia, aquela que é verdadeiramente a sua política fiscal quanto aos
combustíveis.
Efetivamente, o Sr. Deputado Pedro Mota Soares insurge-se contra o aumento do ISP, mas esquece-se que,
há três anos, o seu Governo aprovou um conjunto de normas, supostamente enquadradas no âmbito da
fiscalidade verde, cujo efeito prático foi apenas o aumento do preço dos combustíveis sensivelmente na mesma