18 DE FEVEREIRO DE 2017
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Como também sabemos, Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, os ensaios nucleares constituem uma
violação clara do direito internacional, dos compromissos internacionais e uma flagrante violação das
convenções sobre armamento nuclear.
A escalada do armamento nuclear é preocupante e põe em causa a segurança regional e internacional. Por
isso mesmo, Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, deve merecer da nossa parte uma condenação firme e não
modesta, deve merecer da nossa parte uma condenação geral de todos aqueles que prevaricam e não apenas
uma condenação parcial dirigida àqueles a que nos dá jeito.
Defendemos o cumprimento das resoluções da ONU e do direito internacional, o respeito pelos direitos
humanos e condenamos quaisquer ações que atentem contra a segurança internacional, sobretudo daqueles
que são reincidentes.
Queria terminar, Sr. Presidente, dizendo que não deixa de ser curioso e assinalável a diferença de tom, mas
também de posição, de alguns partidos que quando falam de ilegalização do Partido Comunista na Ucrânia são
firmes mas quando se fala de condenação dos atos do governo norte-coreano são frouxos.
Não deixa de ser toda uma diferença, Sr.as e Srs. Deputados: a ilegalização de um partido merece
condenação, os ensaios nucleares suscitam mera preocupação!
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Estamos, portanto, em condições de passar à votação deste conjunto de votos.
Vamos começar pelo voto n.º 220/XIII (2.ª) — De condenação pelo lançamento de um míssil de médio
alcance e a continuação do desenvolvimento do programa nuclear pela Coreia do Norte (PSD).
Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PSD, do PS, do BE, do CDS-PP, de Os Verdes e
do PAN e a abstenção do PCP.
É o seguinte:
No passado dia 12 de fevereiro, a Coreia do Norte anunciou ter lançado, com sucesso, um míssil de médio
alcance, a partir da sua base de Banghyon, voando para leste em direção ao mar do Japão.
O lançamento deste míssil constitui uma clara violação do direito internacional, tanto mais que a Coreia do
Norte está proibida, por resoluções do Conselho de Segurança da ONU, de realizar lançamentos de mísseis
balísticos ou fazer testes de armas nucleares.
Apesar desta proibição, a Coreia do Norte continua com o seu programa de desenvolvimento de armas
nucleares com capacidade, tendo mesmo, em 2016, realizado vários lançamentos de mísseis e dois testes
nucleares.
De facto, logo em janeiro de 2016 a Coreia do Norte afirmou ter realizado um teste nuclear subterrâneo,
testando uma bomba de hidrogénio. Em março, as autoridades norte-coreanas afirmavam que tinham
conseguido miniaturizar uma ogiva termonuclear. Em agosto deu-se o primeiro disparo de um míssil balístico
em águas japonesas e o lançamento de um outro míssil a partir de um submarino. Em setembro foram lançados
três mísseis durante a realização da Cimeira do G20 na China e em setembro terá sido efetuado o quinto teste
nuclear.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas condenou, por unanimidade, este lançamento e ameaçou
mesmo voltar a impor novas «medidas significativas» contra a Coreia do Norte pela sistemática violação que faz
dos compromissos internacionais que assumiu dos princípios do direito internacional e das convenções sobre o
armamento nuclear.
A comunidade internacional mobilizou-se igualmente contra mais esta provocação da Coreia do Norte, com
condenações por parte dos EUA, Japão, Coreia do Sul e também do Secretário-Geral da NATO, que consideram
este lançamento como mais um atentado à segurança naquela região e à paz no mundo.
Assim, a Assembleia da República, reunida em Plenário, decide apresentar um voto de condenação pela
continuação do desenvolvimento do programa nuclear norte-coreano e do lançamento de mísseis que lhe está
associado, apelando ao fim do mesmo de forma a garantir a segurança regional e internacional.