25 DE FEVEREIRO DE 2017
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A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — No que concerne à matéria dos assistentes operacionais, já se encontra
plasmada, relembramos, na Lei do Orçamento do Estado, por iniciativa do PCP, a norma que institui a revisão
do rácio destes trabalhadores não docentes.
Assim, o que é necessário é que se cumpra o Orçamento do Estado e que se reveja o rácio, conforme o que
está já aprovado por esta Assembleia da República.
Aplausos do PCP.
Sr.as e Srs. Deputados, fruto da política de direita de sucessivos governos, a escola pública sofreu com o
desinvestimento tentativas da sua descaracterização e mercantilização, esvaziamento democrático, ataques aos
direitos dos trabalhadores, designadamente por mão do Governo PSD/CDS.
Muitos dos problemas causados ou aprofundados pelo último Governo contam, agora como sempre, com
propostas e iniciativas do PCP, que permitem que o rumo seja outro e que se faça um caminho de valorização
da escola pública, mas que necessitam, Sr. Ministro, da ação e do compromisso do Governo quanto à sua
concretização.
E o caderno de encargos com vista ao investimento na educação e na escola pública é vasto: passa pelo
combate à precariedade, pela vinculação dos professores, de assistentes operacionais, pela gestão
democrática, pela redução do número de alunos por turma, pela promoção do sucesso escolar, pela recuperação
e conservação do parque escolar, pela resposta em termos de ação social escolar.
Quanto à gestão democrática das escolas, consideramos que é matéria que carece de intervenção urgente
que advém de um sentimento generalizado da comunidade escolar. Professores, trabalhadores não docentes,
alunos, pais têm vindo a defender um modelo de governo democrático das escolas assente em órgãos colegiais
e não no órgão unipessoal do diretor.
O esvaziamento da participação democrática nas escolas é um empobrecimento da nossa democracia e
revela a falácia do discurso centrado exclusivamente na autonomia das escolas, enquanto ilha, assim sendo,
sem recursos, empobrecida e, sem qualquer hipótese de governo pelo coletivo da comunidade escolar.
O exercício da democracia deve ser feito, incentivado e tomado desde logo a partir das escolas, ouvindo
diferentes vozes, sensibilidades e experiências em órgãos colegiais, conforme o PCP propõe no seu projeto de
lei. Mas há, afinal, quem ache, como o PSD, que esta coisa da democracia começar logo pelas escolas que até
nem é boa ideia!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — Quanto à vinculação dos professores, Sr. Ministro, importa dar passos
decididos e mais ambiciosos para a resolução deste problema que afeta milhares de docentes, que andam há
anos numa situação precária e instável, dando resposta as mais das vezes a necessidades permanentes.
Para o PCP, a solução passa pela implementação de um concurso público, nacional, ordenado por lista
graduada com base em critérios objetivos e transparentes.
A par disto, outros momentos de vinculação extraordinária não podem ser excluídos por uma questão da
mais elementar justiça para com os professores, mas também para resposta a necessidades efetivas da escola
pública.
A construção e formação da cultura integral do indivíduo passa também pela melhoria geral das condições
de ensino-aprendizagem, entre outras questões, pela redução do número de alunos por turma. Importa que esta
medida seja implementada desde já a partir do próximo ano letivo.
Para concluir, o PCP contribuirá, como tem feito, de forma construtiva e empenhada, para soluções de
valorização e dignificação da escola pública.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, também no seu caso, o tempo foi ultrapassado, pelo que será
descontado na próxima ronda.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, de Os Verdes.