I SÉRIE — NÚMERO 58
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O Sr. João Torres (PS): — Sr. Presidente, Sr. Ministro do Ambiente, Sr.ª Secretária de Estado do
Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, Sr. Secretário de Estado dos Assuntos
Parlamentares, Srs. Deputados: Debater as áreas protegidas e o seu modelo de gestão constitui sempre uma
excelente oportunidade para valorizarmos, como aqui já foi referido, alguns dos ativos mais relevantes do nosso
País. Por isso, cumprimentamos o Partido Ecologista «Os Verdes» pela sua iniciativa.
Já foram, hoje, evidenciadas importantes preocupações sobre esta parcela do território, cuja gestão deve ter
sempre como objetivo cimeiro a preservação dos valores naturais.
Há, desde logo, um mito, um mito que este debate foi capaz de esclarecer: o de que o Governo se preparava
para proceder à municipalização das áreas protegidas. Quando nos referimos a áreas protegidas, importa
relembrar que só de âmbito nacional estamos perante 32 espaços geográficos de excelência e que a cada um
destes 32 espaços se somam ainda áreas de âmbito regional, local e privado que apresentam qualidades que
não só devem ser respeitadas, como podem e devem ser potenciadas.
Precisamos de uma nova cultura de interação, de uma nova cultura de proximidade entre todos os agentes
que convivem diariamente com estas parcelas do território e que melhor compreendem os seus problemas e as
suas mais-valias. Precisamos, no fundo, de um novo paradigma de participação que não encontra resposta no
modelo em vigor.
O Sr. Ministro destacou, e bem, as intervenções deste modelo, designadamente no que diz respeito a 35 das
67 atividades que comporta a gestão de uma área protegida e que hoje, pura e simplesmente, não são
asseguradas.
Manter o modelo de gestão tal como existe hoje não é uma solução e, por isso, ficar de braços cruzados não
pode ser uma opção.
O Grupo Parlamentar do PS destaca a lucidez, a prudência, mas também a serena determinação do Governo
por compreender que não é possível suportar ou conceber um modelo em que diferentes organizações e
instituições vivem de costas voltadas para as áreas protegidas ou são incapazes de estabelecer entre si as
relações de diálogo e de cooperação que podem, elas mesmas, ser geradoras de biodiversidade.
Sr. Ministro, o mínimo que se poderia exigir a uma oposição que teve responsabilidades na gestão das áreas
protegidas durante quatro anos e que pouco ou nada fez por elas é que tivesse a capacidade de apresentar uma
alternativa nesta Câmara, neste debate de urgência.
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Fizemos muito!
O Sr. João Torres (PS): — Mas, quanto a propostas alternativas, são zero, como já nos habituaram nesta
Câmara em praticamente todos os debates.
Aplausos do PS.
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Tenha vergonha! No dia 16 de março quero vê-lo a discursar!
O Sr. João Torres (PS): — Sr. Ministro, deixo-lhe, contudo, uma preocupação, não tão agitada como está a
bancada do PSD, mas muito legítima…
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr. Deputado, mas deixe a preocupação rapidamente, se faz
favor, porque já acabou o seu tempo.
O Sr. João Torres (PS): — Sr. Presidente, peço desculpa, mas era impossível prosseguir a minha
intervenção com o barulho dos Srs. Deputados do PSD, pelo que, numa próxima vez, o Sr. Presidente poderá
chamar-lhes a atenção para o seu comportamento nesta Câmara.
Protestos do PSD.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr. Deputado, não preciso de lições sobre a quem é que devo
chamar a atenção.