I SÉRIE — NÚMERO 59
36
Vozes do BE: — Muito bem!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Isso não acompanhamos e, por isso, não votaremos a favor do voto do
PSD. E também não o votaremos favoravelmente porque ele é feito, claramente, de forma arrogante e
propositada até para tentar contornar a história.
Vejamos o que aconteceu neste Parlamento no que diz respeito à petição de 2006, que é referida no voto do
PSD. Essa petição, que teve como relator um Deputado do Bloco de Esquerda, o Deputado Luís Fazenda, foi
distribuída a todos os grupos parlamentares dizendo que a resposta do Governo da altura, sobre a matéria, era
a de que Portugal não tinha tomado qualquer posição, porque não se afigurava necessário do ponto de vista
internacional. Esse Governo terminou funções, veio o Governo do PSD/CDS e o que pergunto é se, quando
estavam no Governo, tomaram posição sobre a matéria. A resposta é «não»!
O Sr. Presidente: — Já ultrapassou o tempo de que dispunha, Sr. Deputado, mesmo com descontos.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Termino, Sr. Presidente.
Só agora, com essa vontade de discutir aqui, quinzenalmente, a situação na Ucrânia, é que pretendem pôr
o Parlamento a tomar posição.
O Sr. Presidente: — Tem de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, para terminar, queria só dizer que acompanharemos o
voto apresentado pelo PS, porque é feito num tom muito mais moderado do que o voto do PSD.
Aplausos do BE.
Vozes do CDS-PP: — Ah!…
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos proceder à votação do voto n.º 233/XIII (2.ª) — De condenação
pelo «Holodomor» — Grande Fome de 1932 e 1933, ocorrida na Ucrânia (PSD, CDS-PP e 1 Deputada do PS).
Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PSD, do CDS-PP, do PAN e do Deputado do PS
Eurico Brilhante Dias, votos contra do BE, do PCP, de Os Verdes e dos Deputados do PS Isabel Alves Moreira,
Isabel Santos e Paulo Pisco e a abstenção do PS.
É o seguinte:
Em 1932 e 1933 ocorreu na Ucrânia a Grande Fome, provocada pelo regime comunista totalitário de Estaline,
que terá causado a morte a cerca de 7 milhões de cidadãos ucranianos.
Tal como é destacado na Resolução do Parlamento Europeu de 23 de outubro de 2008, o «Holodomor» de
1932-1933 foi planeado de forma cínica e cruel pelo regime comunista soviético, tendo como objetivo impor a
política da União Soviética de coletivização da agricultura.
Em março de 2006 deu entrada na Assembleia da República uma petição que solicitava o reconhecimento
oficial desta tragédia e que vinha no seguimento de diversas tomadas de posição de diferentes organismos
internacionais sobre o «Holodomor» na Ucrânia, nomeadamente a Declaração Conjunta aprovada na 58.ª
Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro de 2003; a Resolução da Assembleia
Parlamentar do Conselho da Europa, de 25 de janeiro de 2006, que condena os crimes praticados em nome da
ideologia comunista e a Moção apresentada, em 25 de janeiro de 2008, na mesma Assembleia Parlamentar,
sobre «a necessidade de uma condenação internacional do «Holodomor» ucraniano de 1932-1933»; a
Resolução da Conferência-Geral da UNESCO, de 1 de novembro de 2007, de Homenagem às Vítimas da
Grande Fome na Ucrânia; e, ainda, a Declaração Conjunta dos Estados-membros da Organização para a
Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), no 76.º Aniversário do «Holodomor» de 1932-1933 na Ucrânia,
em 30 de novembro de 2007.