4 DE MARÇO DE 2017
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Submetido à votação, foi aprovado com votos a favor do PSD, do PS, do BE, do CDS-PP, do PCP, de Os
Verdes e do PAN e abstenções dos Deputados do PS Renato Sampaio e Ascenso Simões.
O Sr. Deputado Renato Sampaio pediu a palavra para que efeito?
O Sr. Renato Sampaio (PS): — Sr. Presidente, é para anunciar que, sobre esta votação, apresentarei uma
declaração de voto.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, fica registado.
Vamos passar agora à apreciação dos votos n.º 233/XIII (2.ª) — De condenação pelo «Holodomor» – Grande
Fome de 1932 e 1933, ocorrida na Ucrânia (PSD, CDS-PP e 1 Deputada do PS) e 235/XIII (2.ª) — De
homenagem às vítimas da Grande Fome na Ucrânia (PS).
Foi solicitado — e assim se fará — um debate prévio à votação destes votos, com 2 minutos para cada Grupo
Parlamentar.
Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Sérgio Azevedo.
O Sr. Sérgio Azevedo (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A Grande Fome ucraniana,
conhecida como a «Holodomor», foi um dos atos mais nefastos já vistos na história da humanidade provocados
pelo ódio de um regime totalitário, planeado com um cinismo e uma crueldade que envergonha todo e qualquer
povo que se funda nos princípios humanistas e de respeito pelos mais básicos direitos que assistem a todos os
cidadãos.
A submissão do povo ucraniano à fome na década de 30 do século passado, que levou à morte de milhões
de pessoas, constituiu um massacre premeditado apenas comparável à ignomínia e à impiedade das
perseguições e das mortes levadas a cabo pelo nazismo.
A génese do massacre de «Holodomor» resume-se a estas palavras que cito, de Molotov, membro do
Politburo e responsável pelas campanhas de requisições das colheitas na Ucrânia: «A questão é a seguinte: se
temos pão, temos poder soviético. Se não temos pão, o poder soviético acabará por desaparecer. Atualmente,
quem tem o pão? São os camponeses ucranianos reacionários e os cossacos reacionários do Kuban. Não nos
irão dar o pão de livre vontade. Terá de lhes ser retirado».
Foi contra este tipo de transformismo ideológico, que se impôs pela morte, que se ergueu o legado que nos
deixaram todos aqueles que lutaram pela liberdade, pelos regimes democráticos e pelo interesse e respeito
pelos direitos e liberdades fundamentais.
O Parlamento Europeu já consagrou o dia europeu em memória das vítimas do estalinismo e do nazismo. A
Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa já qualificou isto como um crime contra a humanidade, a fome
provocada pelo regime de Estaline aos povos da Ucrânia, mas também da Moldávia, do Cazaquistão, da
Bielorrússia e da própria Rússia. Foram vários os parlamentos democráticos respeitadores da pluralidade
política e protetores das liberdades fundamentais que já reconheceram o «Holodomor» como um dos atos mais
bárbaros da história da humanidade.
É tempo de nos associarmos a este reconhecimento para que não haja futuro sem memória, para que a
lanterna dos direitos humanos, das liberdades fundamentais e dos princípios que preenchem a dignidade
humana nos guie sempre contra a tirania, contra a morte pela morte e contra a humilhação dos povos e a
indignidade perpetrada contra homens, mulheres e crianças.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Sérgio Azevedo (PSD): — Vou concluir, Sr. Presidente.
É tempo de o Parlamento português reconhecer que a morte não tem ideologia política e que a força do
pluralismo político que prezamos é exatamente a mesma que nos une contra a tirania, contra o totalitarismo e
contra a humilhação e violação dos direitos humanos.
Aplausos do PSD.