I SÉRIE — NÚMERO 59
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O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Eurico Brilhante Dias, pelo Grupo
Parlamentar do PS.
O Sr. Eurico Brilhante Dias (PS): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Partido Socialista apresenta o seu
voto de homenagem às vítimas da Grande Fome na Ucrânia.
A Europa vai celebrar 60 anos do Tratado de Roma ainda neste mês de março. O Tratado de Roma trouxe-
nos um período longo de paz, mas não nos podemos esquecer da primeira metade do século XX, onde duas
guerras e a grande destruição de uma parte substantiva de vidas, na parte oriental da Europa, trouxe um lastro
de falta de democracia, de regimes totalitários, e um lastro que temos de respeitar e honrar para que, na Europa,
não volte a acontecer aquilo que aconteceu na primeira metade do século XX.
Hoje, a Europa tem novos desafios e só a memória daqueles que pereceram à mão de regimes que não
respeitavam a liberdade e a democracia pode criar pilares fundos, robustos, para que nunca mais a Europa
possa viver uma metade de século igual à primeira metade do século XX.
O Partido Socialista não podia faltar nesta hora em que temos de homenagear quem pereceu às mãos de
quem não respeitava a liberdade e a democracia. Mas também não gostamos de nos associar a quem compara
alguns fenómenos com o nazismo. Se colocarmos sempre tudo no mesmo «caldeirão», não iremos «separar o
trigo do joio» e não iremos respeitar a história mas faltar, em grande medida, à memória daqueles que
combateram quer contra regimes totalitários, no caso da União Soviética, quer, noutras circunstâncias, contra o
nazismo. Não devemos comparar as duas circunstâncias.
Por isso, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista irá, naturalmente, votar favoravelmente o seu voto e irá
abster-se em relação ao voto apresentado pelo PSD. Contudo, devo dizer que eu, enquanto Presidente do Grupo
Parlamentar de Amizade com a Ucrânia, irei estar ao lado do Grupo Parlamentar do PSD e votarei
favoravelmente o seu voto.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado António Filipe.
O Sr. António Filipe (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Agastada com a aprovação por esta
Assembleia de um voto de condenação da ilegalização do Partido Comunista da Ucrânia pelas autoridades de
Kiev, a Sr.ª Embaixadora da Ucrânia decidiu usar as páginas da imprensa portuguesa, de forma arrogante e
sobranceira, para atacar violentamente a Assembleia da República por defender as liberdades democráticas.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. António Filipe (PCP): — Era bom que a Sr.ª Embaixadora entendesse que o País em que está
acreditada é um País soberano e democrático…
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Muito bem!
O Sr. António Filipe (PCP): — … e que, ao contrário das autoproclamadas autoridades de Kiev, a
Assembleia da República é um órgão de soberania democraticamente legitimado pela vontade do povo
português.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. António Filipe (PCP): — Entendeu, porém, o PSD, num ato de subserviência,…
Protestos do PSD.