4 DE MARÇO DE 2017
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Importa também referir que os Parlamentos da Argentina, Áustria, Chile, Colômbia, Eslováquia, Equador,
Espanha, Estónia, Geórgia, Hungria, Itália, Lituânia, México, Paraguai, Peru, Polónia, República Checa, Estados
Unidos da América e, ainda, os Senados da Austrália e do Canadá reconheceram já o «Holodomor» ucraniano
como um dos genocídios do século XX.
Assim, a Assembleia da República, reunida em sessão plenária, decide:
1 — Expressar a solidariedade com o povo ucraniano e reconhecer o genocídio que terá vitimado cerca de
7 milhões de ucranianos nos anos de 1932 e 1933, na Ucrânia; e
2 — Condenar todas as formas de totalitarismo e todo o tipo de violações e crimes contra a humanidade,
como aqueles que ocorreram na década de 30 na Ucrânia.
O Sr. Paulo Pisco (PS): — Peço a palavra, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente: — Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Paulo Pisco (PS): — Sr. Presidente, é apenas para anunciar que apresentarei uma declaração de voto
relativamente à votação que acabámos de realizar.
O Sr. Presidente: — Fica registado, Sr. Deputado.
Vamos, agora, votar o voto n.º 235/XIII (2.ª) — De homenagem às vítimas da Grande Fome na Ucrânia (PS).
Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PS, do BE, do CDS-PP e do PAN, votos contra do
PCP e de Os Verdes e a abstenção do PSD.
É o seguinte:
O respeito pela dignidade irredutível da pessoa humana e pelos seus direitos fundamentais constitui um
princípio essencial da civilização humana, sendo que este princípio é consagrado pela Constituição da República
Portuguesa, bem como pela Declaração Universal dos Direitos do Homem e pela Convenção Europeia para a
Proteção dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais às quais Portugal aderiu.
Entre os anos de 1932-1933 o povo da Ucrânia sofreu as consequências da Grande Fome («Holodomor»),
consequência de políticas agrárias sobre os camponeses, cujo trágico e horrível desfecho passou pela perda de
milhões de vidas humanas por fome.
A preservação de uma memória crítica e viva contribui para a construção de uma consciência histórica sã,
permitindo «lembrar o que se passou e a saber esquecer, sem que o esquecimento se torne amnésia». Desse
modo, a memória liberta as comunidades humanas da camisa-de-forças de um passado trágico e ignorado,
possibilitando a construção do presente e do futuro, através da reconciliação, do perdão e de uma cultura de
paz entre os povos, nos quais a análise objetiva da história tem espaço para frutificar e realizar o seu trabalho
científico.
Consequentemente, a celebração da memória das vítimas contribui reconhecidamente para restaurar a sua
dignidade, servindo ao mesmo tempo o propósito de identificar e prevenir tragédias similares no futuro e
contribuindo para o reforço do respeito e defesa do Estado de direito e dos direitos humanos.
Assim, a Assembleia da República reunida em sessão plenária presta homenagem às vítimas da Grande
Fome («Holodomor») ocorrida na Ucrânia entre 1932-1933, estendendo essa homenagem aos sobreviventes e
às suas famílias, com vista a assegurar a preservação da memória viva dos atos cometidos e recordar a memória
dos que perderam a vida.
O Sr. Paulo Neves (PSD): — Peço a palavra, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente: — Faça favor, Sr. Deputado.