10 DE MARÇO DE 2017
27
Então, tem a palavra o Sr. Ministro das Finanças para distribuir respostas.
Faça favor, Sr. Ministro.
O Sr. Ministro das Finanças: — Sr. Presidente, Sr. Deputado José Luís Ferreira, como referi na intervenção
inicial, recebemos há uma semana um documento preliminar do grupo de trabalho que formámos para iniciar
esta discussão sobre a arquitetura do sistema financeiro. O que prevemos é, nas próximas semanas, tornar
público um documento que colocaremos em debate público durante um período de, aproximadamente, três
meses e pensamos que, posteriormente a esse debate, faremos as propostas legislativas que correspondam a
esta alteração.
Este é um debate, como percebemos das intervenções feitas hoje nesta Câmara, muito abrangente, que
requer um grau de consenso que o Governo considera que tem de ser muito alargado. Portanto, será
seguramente um debate muito rico, serão meses de debate bastante intenso.
O Sr. Deputado Duarte Pacheco fez algumas deturpações em relação ao que referi. Usei a palavra
«cooperação» para referir a cooperação institucional entre o Governo e os reguladores, o que é muito diferente
de subordinação.
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — Subordinação é o antónimo de cooperação!
O Sr. Ministro das Finanças: — Não sei exatamente qual é a interpretação que o Sr. Deputado dá às
palavras, mas garanto-lhe que cooperação é algo que temos utilizado de forma muito efetiva para resolver os
variadíssimos problemas que se colocavam no sistema financeiro português. E as enormes dificuldades que
esse sistema enfrentava no final de 2015 foram, com certeza, corrigidas com cooperação institucional com o
Banco de Portugal, a CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários), a associação de seguros, enfim,
com todos os reguladores financeiros existentes em Portugal.
Sobre a questão da partidarização, vou apenas referir que não foi este Governo que nomeou um anterior
secretário de Estado para a administração do Banco de Portugal.
Aplausos do PS.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Relativamente às questões que se colocam sobre interferência nas instituições, ainda ontem, na CPI
(Comissão Parlamentar de Inquérito), um antigo vice-presidente da Caixa fez notar muito claramente o que é
que o último Governo fez nessa matéria.
Aplausos do PS.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Isso, isso! Relembre!
O Sr. Ministro das Finanças: — É evidente, Sr. Deputado, que a recapitalização da Caixa foi insuficiente. É
evidente que houve vários empréstimos aos bancos, alguns dos quais, felizmente, com sucesso, instituições
que apenas em 2016 atingiram uma estabilização definitiva, e outros correram bastante mal, como aconteceu,
por exemplo, com o BANIF.
Portanto, estranho bastante que o Sr. Deputado venha aqui referir a resolução do BANIF como tendo sido
uma responsabilidade deste Governo, depois de oito planos de reestruturação não aprovados pela Comissão
Europeia…
Aplausos do PS.
… e um buraco de tal maneira grande no BANIF que não havia condições para que o Fundo de Resolução
interviesse…